Sempre fui atraído por música étnica. Embora, como todo mundo, tenha passado por fases em minha vida, e o conhecimento que foi sendo agregado a ela ganhou outra dimensão, não apenas na literatura mas também na música. Gosto de conhecer o que há, escutar independente de ser ou não sucesso. Aliás, sucesso não é medida para mim. Ao contrário, há muita qualidade sem chegar ao conhecimento da maioria das pessoas. Verdadeiras peças culturais que ficam à margem dos rios e correntezas do mercantilismo. É uma regra de mercado, não sou obrigado a aceitar. Gosto, então, de procurar o que, pelo menos aqui no Brasil, não frequenta “o sucesso” em emissoras de rádio, matérias de jornais e revistas ou televisão. Foi assim que, como sempre acontece, encontrei escondida em alguma prateleira misturada com vários outros discos o Best of Agricantus. Em tradução livre, do latim, significa canto dos campos de milho. O grupo italiano de Palermo, Sicília, tem em sua formação sonora a mistura de estilos musicais, idiomas e dialetos, instrumentos arcaicos sem perder de vista o que há de moderno. Sem exagero, uma preciosidade onde os elementos das harmonias africanas, do Oriente Médio e do próprio sul da Itália se encontram com o pop, com o eletrônico e o resultado é um trabalho vigoroso e sobretudo de aperto de mãos entre culturas diferentes entre si e ao mesmo tempo com pontos em comum. Neste disco em especial, de 1999, o melhor da sua produção de então, tem a presença marcante da voz de Rosie Wiederkehr e instrumentistas como Tony Acquaviva, Guiseppe Panzeca, Mario Rivera, Antônio Corrado, Aldo de Scalzi, Bob Callero e Mario Crispi nos mais variados instrumentos musicais. Doze canções que emolduram o nosso dia. Agricantus, a vida em constante rotação como o nome sugere.
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