Yardbirds: Eric Clapton, Jeff Beck & Jimmy Page

Yardbirds

Ontem, ao postar Eric Clapton meu irmão logo me chamou a tenção para uma banda daquele início dos anos sessenta, Yardbirds, e que eu renunciara o seu o nome na lista do guitarrista. Foi apenas esquecimento. Clapton deu passos importantes no grupo que apresentava acentos demasiados pop para o seu estilo e jeito de fazer música. E o Yardbirds cometeu uma façanha fantástica: teve mais dois extraordinários heróis da guitarra solo, Jeff Beck e Jimmy Page. Em períodos alternados. Beck e Page chegaram a tocar juntos, por certo. Todavia, foi com Jeff que os Yards alçaram o seu voo rumo ao blues, ao r&b que Clapton desejava. Depois, a exemplo do primeiro, ambos partiram para outros projetos. Jeff Beck gravou um antológico disco – Truth – cujo “crooner” era ninguém menos que Rod Stewart. Jimmy Page ainda criou o New Yardbirds, que veio a ser em 1968 – o ano que nunca termina – o Led Zeppelin. De alguma maneira ou de todas, os grandes em algum momento das suas histórias estiveram juntos.

Foto: http://www.pinterest.com

Eric Clapton: I still do

Eric-Clapton-I-Still-Do-2016

A música de Eric Clapton faz parte da minha vida. Inevitável ao longo das passagens das estações por décadas sem perder um único acorde, uma única harmonia. Seja no Cream, Blind Faith, Delaney and Bonnie ou qualquer outro grupo ou simplesmente solo. Assim, os muros dos anos sessenta em Londres sempre povoaram meu imaginário com a afirmativa “Clapton is God”, quando havia Jimi Hendrix. A memória resiste a esse já longo tempo. I still do chega com todo o jeito Eric Clapton de ser. Blues, rock, folk ou o que mais tenha experimentado pelos caminhos. Cover de Bob Dylan – “I dreamed I saw St. Augustine” -, outras mais composições do eterno amigo JJ Cale, que já partiu, Robert Johnson e mais Clapton inédito. Uma presença antiga de George Harrison em “I´ll be there” com o pseudônimo de L´Angelo Mysterioso. Eric está em uma fase que ele apenas é Eric Clapton, sem maiores ousadias. Todavia, tê-lo no player é sempre um convite a uma bela textura de vida.

Janis Joplin: Little girl blue – Original Motion Picture Soundtrack

Janis Joplin

Um nome que povoa o imaginário dos anos sessenta até os dias de hoje. Um nome que viveu a vida com tanta e tamanha intensidade que partiu aos 27 anos, deixando várias outras vidas em cada canção que sua voz registrou com alma e coração. O documentário Little Girl Blue não permanece apenas na música. Vai além. Revela uma mulher doce, sensível, densa, poderosa, cheia de vida. E de tormentas. O filme de Amy Berg introduz cenas, fotos, reproduções raras e mostra Janis jovem e linda e talentosa. No filme, Cat Power a representa. Cada canção é vida e por ela e com ela seguimos com a mesma e intensa alma.

 

Leonardo Pastore: Carlos Gardel Original

Gardel original

Abril passado, mesmo 26 de hoje, a porta dos dois anos completos da partida do pai se fechou, e abriu a do terceiro cujo ciclo dos trinta dias iniciais se encerra neste dia frio e chuvoso de outono. O tango, e em especial Carlos Gardel, animava seus dias. E confesso que sua casa passou a ser um lugar onde somente conseguia ouvir Gardel, a taça de tinto seco e a carne gorda em meio a tantas histórias da vida e das corridas de cavalos. Uma saudade que jamais cruza a linha final desse páreo. Jamais cruzará. Ele não conheceu Leonardo Pastore. Um “Gardel” jovem, talentoso, sensível. Ele iria gostar.

 

Atahualpa Yupanqui & Uña Ramos

uña ramos

Uña Ramos, filho da Quebrada de Humahuaca, norte da Argentina nos deixou em 24 de maio de 2014. Encantador de instrumentos de sopros, em especial a quena, Uña, para quem não lembra, esteve presente na gravação de “El condor pasa” feita por Simon & Garfunkel, e desde então viveu seus dias na Europa. A magia de seu canto hoje é cada vez mais uma marca da nossa América nativa e autêntica em suas expressões vindas dos Andes eternos.

don ata 1

Don Ata partiu antes. Em 23 de maio de 1992. Ambos, na França. O que dizer de um homem que, como ninguém mais, soube dizer sobre o homem latino-americano? Poesia, texto, música, milonga, violonista, compositor. Um homem da terra, para a terra e pela terra. Atahualpa Yupanqui é a América que nos habita.

Comum de Dois: Marco Pereira & Toninho Ferragutti

comum de dois

Acordeom e violão. Uma dupla que se completa, por certo. E são marcas registradas de regiões não apenas do Brasil se não de várias outras partes do mundo. O violão, nem é necessário avançar sobre. E dois dos seus maiores instrumentistas do país se reuniram para realizar Comum de Dois, álbum que visita o cancioneiro brasileiro e temas assinados por cada um dos compositores. O melhor é que ambos percorrem os mesmos caminhos e neles não existem fronteiras. O disco é tranquilo, sonoridade que cresce a cada textura revelada e os gêneros se encontram. Para o player direto.

Bob Dylan: Fallen Angels

Fallen Angels

À porta dos 75 anos, Bob Dylan é que dá o presente: Fallen Angels. Ainda que a voz demonstre cansaço, o peso do tempo na estrada mostra Dylan à vontade para ser crooner de uma big band, mas big band do seu jeito folk de ser. As canções de Frank Sinatra, a exemplo de Shadows in the night, ganham um tom extraordinário e rouco em cada canção. A instrumentalização, e as muitas pegadas do folk e em especial a pedal steel, são encantadoras. Clássicos da música norte-americana consagrados por The Voice encontram no bardo recepção que ultrapassa os limites de qualquer horizonte. “Young at heart”, “All my way” ou “All or nothing at all” soam com tanta sensibilidade que é impossível não ingressar em um estado permanente de viagem e de sonhos infinitos. Um disco magnífico e eterno.

Gustavo Ripa: Calma

calma

Em uma dessas idas a Montevidéu e a procura de música feita por lá, me indicaram o violonista Gustavo Ripa. Comprado o cd, Porto Alegre no retorno, perdido no triângulo das bermudas que é o meu estúdio. Até ontem, 20 de maio. O jornal Zero Hora trouxe texto do crítico e jornalista Juarez Fonseca sobre o Gustavo. E a procura do disco começou e ainda não terminou. Onde está? Não sei, não consigo encontrar. Não importa, o que importa é que o violão de Gustavo é magnífico. Cordas de vibram com tamanha intensidade que nos envolvemos por inteiro. Do clássico ao popular, sem nenhuma dificuldade, a expressão de cada nota vai se diluindo e crescendo dentro de nós. Calma é um trabalho superior e o título muito feliz. Para esse sábado frio.

The Clash: London Calling

TheClashLondonCallingalbumcover

Joe Strummer, Mick Jones, keith Levene, Paul Simonon e Terry Chimes em 1976 formaram o Clash. O punk rock agressivo em sua sonoridade se transformou em sua maior característica. E avançaram com letras cáusticas e críticas sem concessões. Strummer e Jones falavam a linguagem da sua geração. Não se hospedaram apenas na casa do punk, souberam sair de lá e fazer stops em outras moradas: regggae, funk, rhythm´n´blues e flertes com o jazz. Um condomínio musical. É o resultado desse já antológico London Calling e o do que viria após, Sandinista!  Os londrinos absorveram a bacia de uma época em canções que para além do som a palavra se faz densa.

 

 

Come Together Project: Neymar Dias & Igor Pimenta

Neymar Dias Igor Pimenta

Não é a primeira nem será a última vez que que composições assinadas por John Lennon, Paul McCartney e George Harrison, Ringo às vezes, será visitada. E feita a colheira de suas harmonias para diversas formas de expressão. Come Together Project tem características que atravessam fronteiras sem quebrar o encanta das canções do quarteto de Liverpool. Neymar Dias e Igor Pimenta trazem para o “idioma” das viola caipira de dez cordas e contrabaixo todas as texturas que esses instrumentos são capazes e criam dentro do espaço de Lennon & McCartney uma teia acolhedora de acordes onde os próprios instrumentos vão cumprindo as funções de outros, preenchendo espaço aparentemente vazios. A concepção da dupla avança para além da admiração e cria uma sonoridade rica e transforma as músicas em um passeio sonoro de puro encantamento e contemplação. Um disco belo e suave, brasileiro e universal.