Rory Block, Horse Feathers, Bored Nothing & The Stray Birds

Fim de semana já avançado, noite se aproximando, nesses dias que tornam mais longos pelo horário de verão. Calor, chuva, sol. E o fim do ano dá às caras também. Para os que aqui chegam, algumas canções.

www.youtube.com/watch?v=TqTUoV67M60 – Rory Block – “Crossroad blues”

www.youtube.com/watch?v=Vgbh2N9AJlE – Rory Block – “Mississippi blues”

www.youtube.com/watch?v=qCm5wRMalY4 – Horse Feathers – “Violent wild”

www.youtube.com/watch?v=FVOlYOdgqiI – Horse Feathers – “Where i`ll be”

www.youtube.com/watch?v=jp-_3pmToAY – Bored Nothing – “Let down”

www.youtube.com/watch?v=zf4lz6zCSjk – Bored Nothing – “Popocorn”

www.youtube.com/watch?v=7nXHVwmOMqA – The Stray Birds – “Railroad man”

www.youtube.com/watch?v=AklipCs-mzw – The Stray Birds – “I dream in blue”

Chico César: o sol na noite de Porto Alegre

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Os 80 anos de UFRGS são rejuvenescedores. Alentam os mais diversos públicos para além da geografia dos campus universitários. E ganha corpo denso no extraordinário UNIMÚSICA – Série Compositores: A cidade e a música. Quinta-feira foi um dia completo. Começa com o compositor escolhido: Vitor Ramil. E continua com o convidado: Chico César. À primeira vista pode parecer que as pontas do Sul e a do Nordeste não vão se encontrar, afinal o primeiro é a essência da estética do frio e o segundo o da ética do fogo. O encontro da lareira com a praia, da névoa com o sol, da serra e do pampa com o mar mostrou muito mais que pontos comuns. Na diversidade cultural a grande certeza: o Sul é tão brasileiro quanto o Nordeste e o Nordeste tão brasileiro quanto o Sul.

O paraibano de Catolé do Rocha transformou ou melhor revolucionou a obra do gaúcho de Satolep. Para quem imaginava que havia muito hermetismo nas canções de Vitor, Chico César foi logo apresentando o quanto de sol existe nelas, o quanto de vida de dentro para fora estão contidas em suas letras e harmonias. Cada música do repertório apresentado incendiou o Salão de Atos lotado. O calor do dia se estendeu para o palco e do palco à plateia. Comunhão perfeita. “Ramilonga”, “Estrela, Estrela”, “Grama Verde”, “Foi no mês que vem” e a sem dúvida marcante e definitivamente universal “Joquim” assumiram proporções que habitarão a cada um dos presentes, sem exagero algum, pelo infinito adentro.

Acompanhado de um trio, também de instrumentistas paraibanos, formado por Xisto Medeiros, baixo, Helinho Medeiros, piano e sanfona e Gledson Meira, bateria, o violão de César eletrificou o ambiente. O que poderia parecer um tradicional grupo de jazz se revelou o melhor das tessituras harmônicas do Nordeste e seus ritmos contagiantes.

Chico César fez ensolarar a noite de ontem em Porto Alegre.

www.youtube.com/watch?v=l4-milqHymg

www.youtube.com/watch?v=Ot8UuUC5ExQ

Foto: Washington Possato/Divulgação

Os vídeos disponibilizados no Youtube levam a assinatura de Silvia A.

Hector Numa Moraes: um tributo à vida

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Meses atrás, quando de uma das idas de meu irmão Mário a Buenos Aires pedi a ele que trouxesse alguns cds que, infelizmente, não transitam no Brasil. De lá veio um presente enviado pelo amigo de todos os momentos Marcelo Fébula, um disco do Daniel Mendoza – está aqui no Chronosfer – que me deixou muito feliz por tudo o que ele significa e pelas convicções ali firmadas. E fui mencionando nomes que caminham pela mesma estrada e cometi uma injustiça. Não citei Hector Numa Moraes. E isso que recém vindo de Montevidéu havia trazido o seu disco Numa Moraes – antologia 1968-1973, uma regravação mais atualizada de dois de seus grandes trabalhos: de muchacho a muchacho e el mundo del nosotros.

Filho do lado de cá do Prata,  a um passo e meio da fronteira com o Rio Grande do Sul, Hector é desde sempre músico. O bandoneón e o violão clássico o acolheram desde criança até o dia em que conhece, aos 16 anos, o poeta Washington Benavides. No, para mim, o eterno e místico 1968 lançar Del amor, del pago, del hombre com a forte influência e inspiração no folclore do norte do país. A sua Tacuarembó está presente em Canto pero también puedo com as letras assinadas por poetas locais como Benavides, Walter Ortiz y Ayala e Circe Maia. E por aí foi sendo o seu caminho, voltado a gente da terra, à vida, ao social, ao comprometimento com a justiça. Benavides foi parceiro de Alfredo Zitarrosa, Daniel Viglietti foi um dos seus mestres. Numa Moraes, cumpriu o destino de todos que aqui na América sempre foram engajados em nome da vida: foi proibido, exilado, e no distante exílio holandês, depois de passar por Argentina e Chile, aperfeiçoou seu violão. Amadurecido, porém sem jamais perder o sentido do caminho escolhido é um nome que honra nosso Continente e a nós mesmos. Ouvi-lo é estar em consonância não apenas com o melhor da música, mas sobretudo, com a vida. Se forem ao Uruguai, não esqueçam de colocar na bagagem de retorno pelo menos um cd de Hector Numa Moraes.

www.youtube.com/watch?v=A-8YWoVM7bc

www.youtube.com/watch?v=5V7Aq5mxR4Y

www.youtube.com/watch?v=puf7CGa6uNo

Foto: fotoreportajeuruguay.com // http://www.hormigueando.com

Sára Vondrásková ou Never Sol?

NEVER

Os nomes podem parecer na grafia diferentes um do outro. Sára ou Never Sol são apenas nomes de uma extraordinária compositora (piano) e cantora da República Tcheca. Os tchecos estão em alta. Markéta Irglová é um desses talento que emerge e se sabe que permanecerá crescendo. Há algum tempo atrás, quando estive em Praga, conheci um grupo de jazz liderado por David Doruzka e o seu disco Silently Dawning – em outro momento estará neste espaço – e então o país chegou forte em mim. Agora, Under Quiet  se apresenta desde logo como um trabalho denso e de uma riqueza reveladora da inquietude de sua criadora. Sára ou Never, aos 23 anos, possui uma maturidade impressionante. Há muito de jazz, de Ella Fitzgerald, de Cat Power. Uma doce tristeza, um quê de moderno e um já além fronteiras. A estudante de Antropologia Cultural anda atrás de novos caminhos. Mudar é um verbo consistente. Do piano, quem sabe o flerte com o eletrônico seja um passo adiante. Sem ser comercial, não se preocupa com performances e sim com o que há dentro de cada canção que compõe. Por isso, procura sempre dar o passo à frente. Conta que quando estuda jazz, percebeu que muitos artistas giravam em torno dos standards e os arranjos em geral pareciam estar ainda nos anos 50. Então, quer o novo, sem desprender as raízes originais. Assim, ela se torna original. E talentosa. Ouvi-la é um momento de paz.

www.youtube.com/watch?v=ksn4nKKoCkg

www.youtube.com/watch?v=94a2JroFVgU

www.youtube.com/watch?v=6pNkZ85yAb0

Reprodução da capa: capturada na Internet.

Los Pingos de Todos

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Por vezes, como agora, continuo em 1961. A diferença traduzida em 53 anos, não me tornou em 2014 um turfista da nata. Bem que o pai fez de tudo para que eu me tornasse. E o quanto o acompanhei, em especial como treinador, não se faz presente além das lembranças e das palavras. Inesquecíveis. O Mário, meu irmão mais velho, não, ele seguiu e segue com brilho esse caminho. Ou seria por essas raias da nossa América? E com ele, os amigos que também estão se tornando meus amigos: Marcelo Fébula, Pablo Gallo, Marco Oliveira. Amigos maiúsculos, pela presença. E Gustavo Lopecito López, a quem apenas a geografia impõe a ausência do abraço. Amigo.

O Mário, lá com o seu http://www.mariorozanodeturfeumpouco.blogspot.com, o Marcelo e seus textos que penetram fundo (Un retrato al óleo em el Bar El Chino é algo fantástico) no http://www.lospingos.com.ar, o Pablo e sua profundidade no Todo a Ganador e o Marco, Historiador não permite que a gente deixe para trás a memória dos nossos hipódromos e seus protagonistas no Jornal do Turfe. E o Gustavo, me acolhendo com muita sensibilidade nos Pingos, espaço nobre que não mereço. Entre os amigos sou quase um penetra, filho de jóquei e treinador, irmão de especialista em turfe, amigo de outros também especialistas. Sou exatamente o que sempre fui, um observador. Atento, porém observador.

Contar aqui toda a história do meu Bento inesquecível é desnecessária. Seus desdobramentos na vida real até abril passado também. A bem da verdade, toda a crônica é verdadeira, nenhuma palavra foi metáfora ou inventada. Ainda tenho guardadas as bolinhas de gude, apenas não sei mais quem era a Ouropombo ou qual seria a do Lord Chanel? Não sei responder. Sei apenas que estão em minha história de vida e pude compartilhar quando da 106ª Edição do GP Bento Gonçalves. E agora, com a tradução do Marcelo, ganha outras cores, e com a generosidade do Gustavo, ganha o mundo no Los Pingos de Todos. Não sei o que mais posso dizer, as palavras saem desencontradas, feito redemoinho intenso dentro de mim. Mas sei que todos vocês, são parte da minha história e fico feliz em ter essa consciência. Obrigado, Mário, Marcelo, Pablo, Marco e Gustavo por me devolverem meus sete anos e toda uma vida que não se encerrou no já distante 1961.

http://www.youtube.com/watch?v=G9RS2BkbqHw

 

Foto: Chronosfer

The Jolly Boys: presente de um grande amigo

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O José Alberto Souza é um desses amigos que encontramos pelas amplas e largas avenidas e alamedas da cultura. E também é um desses descobridores das vielas repletas de pérolas e raridades e tudo o mais que o conhecimento e a cultura nos oferecem. Através dele, conheci um trabalho magnífico de um grupo de músicos, aqui em Porto Alegre, que todo o fim de semana se reúne para o mate, a cerveja, a carne assada, o chorinho e o que mais chegar em música. Ali nasceu, com a sua produção, o cd Por amor à música, uma fotografia fiel e talentosa de gerações de instrumentistas. Certa feita, aportou por aqui um músico de Córdoba, Argentina, violonista – me escapa o nome – do grupo La Mueca. De pronto o José Alberto agendou com o saudoso Glênio Reis e por lá entramos a madrugada conversando e o músico tocando no programa do Glênio, o Sem Fronteiras. É com esse espírito de não deixar preso o conhecimento, o que há de bom, que passa adiante o que conhece. Graças a sua generosidade, me  enviou, ontem, um e-mail com o grupo cuja foto está ali em cima. Bom, dizer o quê? Obrigado, José Alberto e que os leitores que aqui chegam aproveitem esse extraordinário presente.

www.youtube.com/watch?v=XOwl-bMfIkc

Site do José Alberto: http://poetadasaguasdoces.blogspot.com

Site do The Jolly: http://www.jollyboysmusic.com de onde capturamos a fotografia.

 

 

As vivas Vozes do mundo

Vozes

A compilação Voices of Forgotten Worlds é o desconfinamento destas vozes. As sonoridades são muito mais que registros digitais reproduzidos ao acaso ou ao sabor da curiosidade. Elas, as vozes e as harmonias, revelam o significado de suas existências, o sentido de suas resistências. E dão ao mundo um testemunho que alicerça a vida em forma original.

Em formato de livro, a coletânea traz dois cds curiosa ou provocativamente feitos por pesquisadores norte-americanos. São vozes uníssonas, contundentes, inspiradoras. Fazem quebrar o ritmo de qualquer modismo dos dias atuais. E para quem acredita que a globalização é um fenômeno recente ou de poucos séculos irá se surpreender com a história desses povos esquecidos. Nas composições estão os sulcos de culturas que o mundo insiste em não conhecer ou quando tem acesso a ela crava em suas identidades o rótulo de new world. Às vezes, acontece o pior: essas culturas são destruídas por uma miscigenação imprópria e desconstrutora dos valores cultivados através da passagem dos séculos, quem sabe de milênios. Na lista de faixas, nomes desconhecidos e também já de conhecimento público: Tuvans, Garifuna, Kanak, Inuit, Rashaida, Kayapo, Australian Aborígines, Quechuan, Tibetans, Batak, Solomon Islanders, entre outros.

A transcendência de suas harmonias identifica pontos comuns com civilizações distantes milhares de quilômetros umas das outras, acentuando muito mais suas semelhanças em seus cantos de indignação e permanente consciência pela preservação de suas vidas.

A edição, primorosa, não abre nenhuma espécie de concessão. Nela, a naturalidade das expressões não são contidas tampouco são regidas por maestros de estúdios. Sopram suas flautas com o sopro das suas almas, subvertendo a tentativa de subordinação que as grandes potências mundiais impõem.

Voices é um alento, um sólido um sólido fórum musical para quem não quer ficar apenas na retórica e olhar a História passar de braços cruzados.

Voices of Forgotten World

Traditional Music of Indigenous People

Ellipsis Arts – projeto: Gilbert Antony Boncy

Fotografia: Lizbeth Arum

Assistente de pesquisa: Derek Bandler

34 faixas – 116min 07seg

Ellipsis Arts…P.O. Box 305/Roslyn-New York-11576

Confissões do homem invisível: livro para ser lido com avidez

Capa Invisível

Ele também é de 1968. Alexandre Plosk não escreveu no emblemático ano. Ele nasceu nele e é uma interessante referência. Traz bagagem cinematográfica e prêmio em festival, e atua como roteirista de televisão. Na literatura, o romance de estréia foi com Livro Zero. Conhece as linguagens e através delas expressa sua escrita. As Confissões do Homem Invisível é sua segunda incursão como romancista. Cria uma história de cinema. Um homem invisível. Afinal, além de voar, de desejar ler pensamentos, quem não gostaria de ser invisível? Uma ideia aparentemente clichê que Plosk desenvolve com criatividade. Narrado em primeira pessoa, o personagem assume a capacidade que descobre possuir: a de não ser visto por ninguém. E as questões que começa a levantar são as mais prosaicas de um ser humano tipo como seria conhecer o mundo de uma família entre quatro paredes? Ou, quem sabe, como seria ir para a cama com mulheres solitárias? Superado os impactos da descoberta da invisibilidade, assume outra personalidade, mudando sua maneira de ser. Poderes plenos e conscientes o fazem pensar que é Deus ou brincar de Deus. Interferir no cotidiano passa a ser o seu objetivo. Até o momento em que, em uma de suas escutas secretas, descobre que há algo contra ele. E toma uma decisão importante: investigar a si próprio. Bom, a partir daí, fica com você, leitor, desvendar os mistérios e as aventuras que o personagem vive em todos os tempos, passado, presente e futuro até as últimas consequências. Um livro para ser livro sem concessões. É pegar e ir até o fim. É daqueles que vale cada página lida.

As Confissões do Homem Invisível

Alexandre Plosk

Editora Bertrand Brasil

392 páginas

Reprodução da capa capturada no site http://www.livraria.folha.com.br

Turfe, Grande Prêmio Bento Gonçalves: O meu Bento inesquecível não assisti. Narrei

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Guri de sete anos nada entende de turfe. Pelo menos não em 1961. Em meu jeito de guri, era muito mais que turfista: rivalizava com Vergara Marques na narração das corridas. Ah, rivalizava mesmo. E as minhas narrações eram muito mais emocionantes, os páreos mais disputados, e o Vergara ficava na poeira da raia do Cristal. Em último! Bom, isso é mesmo verdade. Colecionador de bolinhas de gude coloridas, um dia qualquer da minha infância dei nome a elas. De cavalos. Os nomes vinham do meu pai, o Mário Rossano, quando falava com a mãe, do meu avô Dr. Jardelino Driesch e dos amigos que iam lá em casa. E o batismo acontecia: El Gustavo, Ouropombo, Ourodá, Lord Chanel, Ouroduplo, Estensoro, Zago e outros tantos que não lembro mais. Não recordo se esses cavalos estavam em 61 no Cristal, alguns deles vindos do saudoso Moinhos de Vento. Posso ter misturado os anos, pois continuei “narrando” até os dez anos. E também não ligava para a época em que haviam estado nas pistas. Se gostava do nome, escolhia uma bolinha e já estava inscrito para algum páreo. Uma tardia confissão: eu gostava mesmo dos cavalos da tradicional blusa Ouro, manchas pretas. E fantasiava com uma que nunca meus olhos viram: Salmon, mangas pretas. E no tapete na sala principal de nossa casa da Quintino Bocaiúva estava a pista do meu hipódromo. Entre as pernas da mesa e das cadeiras, fazia uma ginástica e tanto para que os meus programas acontecessem. Por óbvio, ganhavam as bolinhas que mais gostava. E quase sempre de atropelada, após disputa acirrada pela ponta. E o jóquei, nem preciso dizer quem era o grande campeão.

Não me ligava muito em datas, o primeiro ano do então primário se aproximava do fim, se é que já não havia encerrado o ano letivo. Novembro, mês em que o calor ia se aproximando devagar, para começar em dezembro com força. Novembro de 1961, data da maior prova do turfe gaúcho, o Grande Prêmio Bento Gonçalves. O pai montava Lord Chanel. Saiu de casa dizendo que venceria. Ficamos todos em volta do rádio. Todos, não. Fui para baixo da mesa, narrar o meu Bento. De repente, um grito. Dois, ou três, não sei quantos, por mais que me esforce, minha memória não alcança. Sei apenas que minha mãe gritava “o Mário ganhou o Bento”. Pouco depois, levantei e fui junto ao rádio. O silêncio…e a voz da mãe: “Foi desclassificado”. Não sabia bem o que significava, mas pelos olhos vermelhos dela algo grave acontecera. Comecei a chorar também.

Mais tarde, o pai chegou. Mais silêncio, cabeça baixa. Derrota, longa suspensão. Ninguém pode imaginar o que foram aqueles dias e meses depois da desclassificação de Lord Chanel em favor de Argonaço. Ninguém pode sequer supor como vivemos aquele tempo semeado de injustiças. Ninguém pode amenizar o que ouvimos e que até hoje está bem presente. Ninguém. Somente a nossa família e alguns amigos mais próximos.

Hoje, passados mais de 50 anos, a convicção da injusta decisão da Comissão de Corridas da época ficou firmada ao longo desse tempo, quando o pai falava a respeito, e jamais, em qualquer circunstância, mudou o seu depoimento. Foi sempre o mesmo. Até o quando o encontrei caído após sofrer AVC, para mantê-lo lúcido, enquanto esperava pelo socorro, perguntei sobre a ida ao Rio de Janeiro em 52 e sobre o Bento de 61. A história foi repetida tal como contara 50 anos antes para quem quisesse ouvi-lo.

O pai partiu e nunca soube que antes de o Bento ser corrido de verdade, eu havia narrado o meu Bento e ele e Lord Chanel cruzaram o disco de chegada em primeiro. No hipódromo dos meus sete anos, nenhuma comissão de corridas desclassificou Lord Chanel. Não vi o que seria o meu Bento inesquecível. Naquela tarde, debaixo da mesa de casa, narrei a vitória de Mário Rossano.

EU E O PAI

Na reprodução lá de cima do post, colagem sobre material jornalístico do GP Bento Gonçalves de 1961.

Na foto abaixo do texto, o “narrador”, então com oito anos, após a vitória de Mar Báltico no Criterium de Potrancos de 1962 sobre Ourotrunfo, Quesito e El Tronio. Nesse dia, eu não narrei o páreo. Nesse dia, eu assisti a vitória de Mário Rossano e pude recebê-lo para a tradicional fotografia dos vencedores, com o seu treinador senhor José Celestino da Silva.

Fotos: Acervo Mario Rozano.

Dez canções para sexta-feira

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Hoje, John Mayer, Neil Young, Rod Stewart, Sheryl Crow, Angus & Julia Stone, Markéta Irglová & Glen Hansard, Crosby, Stills, Nash & Young, Rolling Stones e George Harrison & Bob Dylan serão nossas companhias com talento e sensibilidade. Sexta- feira, será o dia da música para o Chronosfer. E para vocês que aqui chegam. O meu abraço.

www.youtube.com/watch?v=cSdjo0W4Tvs

John Mayer – Queen of California

www.youtube.com/watch?v=chLFi2cFxzo

John Mayer – Queen of Califórnia Acoustic

www.youtube.com/watch?v=xMjDc8MJotU

Neil Young – Harvest Moon

www.youtube.com/watch?v=h4_yZ7BvKVA

Rod Stewart – The first cut is the deepest

www.youtube.com/watch?v=4QKZP6VE35I

Sheryl Crow – The first cut is the deepest

www.youtube.com/watch?v=9yQTGyYg0_E

Angus & Julia Stone – Devil´s tears

www.youtube.com/watch?v=fAAj11EdKXY

Markéta Irglová & Glen Hansard – If you want me

 www.youtube.com/watch?v=nDknDWp-elE

Crosby, Stills, Nash & Young – Teach your children

www.youtube.com/watch?v=lQlmywY_qEM

Rolling Stones – As tears go by

www.youtube.com/watch?v=HCXB1SUmEuw

George Harrison & Bob Dylan – If not for you

Foto: Chronosfer.