Fotos: Chronosfer. Estádio Parque Central, do Nacional de Montevidéu.
Fotos: Chronosfer. Estádio Parque Central, do Nacional de Montevidéu.
Fotos: Chronosfer. Amsterdam, Praga, São José do Norte (Brasil).
Os vincos nas costas doíam. As mãos não alcançavam o dorso. Sentia crescer, entre a pele e a carne, finas camadas de coágulos. O corpo curvou-se, os ossos estalaram. Ao encontrar o chão, descobriu Coroas de Cristo. Os espinhos avermelhados recolheram-se, deixando tesa e acinzentada a retina envelhecida.
No outro lado da rua, as janelas fecharam-se, os vizinhos retornaram às suas tramas caseiras.
O inverno é apenas um dos quatro cantos do Tempo.
Foto: Chronosfer. Este texto foi publicado em 2015, quando os acessos eram próximos de zero.
Jazz puro, com ingredientes tchecos dão o tom da guitarra de David Doruzka. Suave, lento, acelerado, pouco importa. A textura do jazz envolve a pele e alcança o coração. Conhece a alma. Instala-se nela. Faz morada. Somos mais felizes em suas tessituras.
Fotos: Chronosfer. Nas calles de Montevidéu, Uruguai, a arte de Julio Sosa e Mónica Navarro.
Hoje, 26, seis meses da partida do meu irmão Mário e dois anos e 11 meses do pai. Não tenho nem sei como dimensionar a ausência e a falta que fazem. Nos últimos tempos da vida do Mário, falávamos e escutávamos muito tango, herança do nosso pai, e em especial o instrumental. O novo abrindo espaço. Um dia cheguei para ele com o Quinteto El Despues, e logo foi me dizendo, como sempre dizia, que lá vinha eu com grupos e seus nomes diferentes. Com o café à mesa deixamos o tempo passar. Cúmplice do que estávamos desejando não acontecer. Aconteceu. El Despues, o silêncio de uma vida, que me habita a cada dia dos dias que vivo. Para os Mário, pai e irmão.
Para quem está esperando um disco com todo o jeito “You´re beautiful” de ser pule de disco e busque outra alternativa. Em The after love o britânico James Blunt escapa da “assim chamada” zona de conforto e busca outro denominador para suas canções. É um trabalho mais ousado, em relação a ele mesmo, e há abundância de arranjos de cordas bem entrelaçados à sua voz. É maduro, denso, e abre caminhos. Muito bom.
As fotos são antigas. Analógicas. A ação do tempo sobre elas foi quase fatal. Alguns ajustes aqui e ali as deixaram razoáveis. De um tempo mais distante e mais místico.
Fotos: Chronosfer. 1- Altiplano boliviano. 2 &3 – Machu Picchu
O bardo irlandês de Belfast escapa do blues, do jazz e do rhythm & blues e entra em território country. Com a mesma alma. Com a mesma densidade. As tessituras sonoras passam por transformações com a introdução de instrumentos como o violino, a guitarra pedal steel, o piano mais como protagonistas que os sopros. Pay the devil é influência da música norte-americana, muito bem catalizada por Morrison. Seu talento não possui fronteiras. E cada canção é um presente.
Folk? Rock/Pop? Será que importa o gênero? Laura Marling faz de Semper Femina um trabalho cujos tecidos são sempre a partir do olhar feminino sobre questões femininas. E o faz com delicadeza, sensibilidade e com a marca que traz em sua gênese musical. se deriva para o acústico de repente surge guitarra abrindo caminho. É um trabalho rico, inteligente, denso e interiorizado. Extraordinário disco.