Fotos: Chronosfer.
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O matiz fronteiriço de Gastão Villeroy foi o primeiro passo. Depois, as raízes brasileiras ganharam mais corpo. E a universalidade chegou, quem sabe, com Milton Nascimento. Baixista da banda de Bituca, um dia qualquer na Itália ao passar o som, Milton ouviu sua voz e o instigou a seguir em frente. Naquele show, fez vocal em “Morro Velho”. Assim, Amazônia Amazônia despertou do sono e da espera que habitava o gaúcho de São Gabriel. Uma gama de canções em português, inglês e espanhol, convidados, instrumentais, jazz, influências do Prata, da vida, das Geraes estão alojadas em dez faixas que nos convidam a mergulhar no mar de suas melodias.
Setembro é o mês dos gaúchos. dia 20, data da Revolução Farroupilha. Todos os anos, além do desfiles, a tradição é preservada com o Acampamento, que é montado em um parque central da cidade. E ano após ano, el se mantém viva e renovada.
Fotos: Chronosfer.
Fotos: Chronosfer: Fotografar beija-flor é necessário tripé e uma boa lente. Surpreendido por um, e sem o equipamento necessário, fiz o registro. Peço desculpas pelo fraco foco do pássaro.
O trio: June Tabor, vocal, Iain Ballamy, saxofone e Huw Warrem, piano. O grupo: Quercus. Os discos: Nightfall e Quercus. Os gêneros: jazz, folk, celtic, folk jazz. Feita a apresentação, batemos à porta de suas faixas e entramos como convidados recém conhecidos e saímos como amigos íntimos. Assim é a acolhida do Quercus. Com suas linhas harmônicas e melódicas nos aprisionam dentro dos seus tecidos e deles a vontade de sair, de ir embora se esvai a cada canção. Dentro delas, os instrumentos se encontram com a profundidade do vocal de June, revelando o ainda mais profundo que as letras possam dizer. Há no Quercus vida e então vivemos.
A Reversa Ecológica do Taim está situava em grande área de preservação entre os municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul. Em sua pequena vila, Vila do Taim, está a Capilla. Seus registros datam de 1700, porém em 1785 foi construída pelos espanhóis e depois reconstruída pelos portugueses em 1844. Está lá, como testemunha do tempo, como testemunha não apenas do passado, e sim do presente e se lança ao futuro. Nela, silêncio, história, vida e o que mais desejamos: Paz. Para todos, sem exceção, Paz para gentes de todos os lugares.
Dedicado a meu pai e meu irmão, ambos Mário, dia de hoje o dia em que partiram.
O exagero às vezes bate à porta deste Chronos. Desta vez, não, absolutamente não. Casa de Bituca chega com Hamilton de Holanda hospedando em seu disco músicas de Milton Nascimento e seus parceiros. Encontro entre o bandolim e a voz instrumento. Ao passar faixa por faixa, a universalidade de Bituca é mais que consagrada: é sagrada. Os temas deslizam pelo player com emoção para que os acolhe. Se André Vasconcelos (baixo acústico), Gabriel Grossi (harmônica), Márcio Bahia (bateria) e Daniel Santiago (violão) formam a base do quinteto de Hamilton, os convidados tornam o álbum precioso: o próprio Milton e uma bela leitura que beira o samba em “Travessia” por Alcione. Um disco maiúsculo. Sensível. Sem exageros.
Brasilianos é outro dos discos solo de Hamilton. Como não encontrei mais faixas de Casa de Bituca fica este maravilhoso trabalho do bandolinista.
Héctor Roberto Chavero – #Juan A. de la Peña, 31.01.1908 – * Nimes (França), 23.05.1992 – desde sempre Atahualpa Yupanqui. Hoje, o vigésimo quinto ano de sua partida. Deixo aqui um texto escrito por ele e um presente que recebi deste homem que dignificou a América, o mundo, com sua voz, com sua palavra, com sua guitarra em busca da quebra da desigualdade entre os homens. Don Atahualpa Yupanqui.
Tempo do Homem
“A partícula cósmica que navega meu sangue é um mundo infinito de forças siderais. Veio a mim sob um largo caminho de milênios, quando talvez fui areia para os pés do ar. Logo fui a madeira, raiz desesperada submersa num silêncio de um deserto sem água. Depois fui caracol, quem sabe onde, e os mares me deram a primeira palavra. Depois a forma humana derramou sobre o mundo a universal bandeira do músculo e da lágrima. E cresceu a blasfêmia sobre a velha Terra, o açafrão, o “tilo”, a copla e a “piegaria”. Então vim a América para nascer um homem e em mim juntei a selva, os pampas e a montanha. Se um avô da planície galopou até meu berço, outro me disse histórias em sua flauta de “cana”. Eu não estudo as coisas, nem pretendo entende-las. As reconheço, é certo, pois antes vivi nelas. Converso com as folhas em meio dos montes e me dão suas mensagens as raízes secretas. E assim vou pelo mundo sem idade nem destino, ao amparo de um cosmos que caminha comigo. Amo a luz, o rio, o caminho e as estrelas, e floresço em violões porque fui a madeira.”
Fotos: Chronosfer.