Hoje, a 60ª Feira do Livro de Porto Alegre

revista

A última sexta-feira do mês de outubro é sempre especial. Tem como marca a abertura da Feira do Livro de Porto Alegre. Mais que vender livros, é o ponto mais significativo da cidade ao longo do ano. nada supera os encontros entre amigos, livros, escritores daqui e de fora, livreiros, alunos, professores, políticos, jornalistas, turistas, pessoas que simplesmente gostam de estar entre os livros. Pessoas que seguram o livro nas mãos com tanto zelo e amor como seguram seus filhos. É por onde o mundo e a vida começam a se transformar. Para melhor. E circular entre as pequenas ruas, alamedas e travessas que se tornam uma verdadeira cidade dentro da Praça da Alfândega é estar dentro de um universo multifacetado de possibilidades. Entre elas, o conhecimento, o novo. É a vida para além das palavras. Para além dos traçados geométricos da praça. Para a arquitetura das barracas. Estão ali, no entanto, os alicerces da arquitetura da sabedoria. que o tempo e os livros ajudam a crescer em cada um de nós. São dias de encantamento e de realidades. São dias que nos fazem mais humanos, mais sensíveis, abrindo as páginas do nosso cotidiano. Não deixe de ir. Vá, assista aos encontros, debates, converse com seus amigos, faça novos amigos, procure os escritores. Leve um livro para casa. Leia-o. E lance-o ao mundo.

Feira do Livro 60 POA

Acesse o http://www.camaradolivro.com.br e busque informações precisas sobre a Feira.

Foto Chronosfer: Ensaio feito em 2004, sobre flores de jacarandás, guapuruvus e ipês sobre as coberturas transparentes da Feira do Livro em vários momentos e climas durante todo o período de sua realização.

Ná Ozzetti e Nei Lisboa: palco pequeno para os dois

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Na semana que antecedeu o pleito eleitoral, o Salão de Atos da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul acolheu Ná Ozzetti. A cantora e compositora paulista foi a atração principal da noite dentro do Projeto Unimúsica Série Compositores – A cidade e a música. O escolhido do Sul: Nei Lisboa. A escolha não poderia ser melhor. O casamento entre os arranjos feitos por Wagner Cunha, com a Camerata Unimúsica, para as composições de Nei, juntando-se a voz de Ná, teve um resultado extraordinário. Um show inesquecível. Emotivo, simples, sincero, epidérmico, nervos à pele – sim, Ná estava nervosa -, Salão lotado, e cumplicidade entre todos. Minha presença foi como admirador de ambos. Ou melhor, de todos. Wagner também possui trabalhos solos de grande qualidade. A cantora vem lá dos anos oitenta do Grupo Rumo, da Vanguarda Paulista, grande movimento em todos os segmentos culturais, e de lá para cá acumula trabalhos de muito fôlego e preciosidade. Para se ter uma ideia de quem estava no Rumo: Luis Tatit, Hélio Ziskind, Paulo Tatit, Akira Ueno, Pedro Mourão, Gal Oppido, autora da foto acima, Geraldo leite, entre tantos outros talentos. Sobre Nei Lisboa, falar o quê? É dos melhores dos melhores da música do Rio Grande do Sul e, com certeza, do Brasil, sem exagero algum.

As canções de Nei ganharam novas cores, novos brilhos, novas peles. “Telhados de Paris”, comovente; “Berlin Bom Fim”, alucinante; “Romance”, o nome diz tudo, foram o ponto alto. O mais altíssimo dos pontos foi no bis,  quando Ná chamou Nei, que estava na plateia, e cantaram “Telhados de Paris”. Inesquecível. Espero que desse encontro saia um disco, merece por tudo e merecemos nós, público. A noite e o palco foram pequenos para a presença de ambos e imensa para todos.

Ná

Acima, a capa de um dos seus belos discos. Abaixo, um pouco de Nei Lisboa, Ná e Nei, e Ná Ozzetti.

www.youtube.com/watch?v=ckmOOJt3G-s

www.youtube.com/watch?v=CNebDpLv1jI

www.youtube.com/watch?v=XxH5Hra6W6g

www.youtube.com/watch?v=0hIkqVekky4

www.youtube.com/watch?v=xlRdyJGmt8o

Foto: Gal Oppido. Capa, capturada na Internet.

Um conto perdido, uma foto nada a ver com o texto

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Dentro desse fogo, alma e terra cedem suas alma e terras. No branco dos olhos, as manchas do dia desaparecem. Áspera é à noite. À espreita. Atraída pelos relâmpagos, cresce entre as luzes e o medo. Dentro e fora, há muito as mãos perderam a firmeza, revelando carne e veias transparentes. O limo nasce aos poucos entre as pedras e as raízes. O sol ilumina os trilhos, que se perdem para o fundo da terra. Estranhavas aqueles veios, aquelas vertentes secas, o vôo cego das aves e as casas abandonadas. Estranhavas os nervos à pele, as listras da tarde e seus rascunhos sobre as janelas. O pêndulo cansado não marca mais o tempo. As cruzes, sopradas pelo vento, envelheceram, acinzentaram os signos e as sombras ardem dentro da alma desse fogo. Estranhavas o fosco da lâmina a um palmo dos pulsos, os sentidos e o silêncio dos vidros recortados pelas frestas daquelas janelas sem cor. Dentro desse fogo, os feixes abrem−se protegidos pelos tecidos mais finos do frio. Aquele vazio desfeito te paralisava. Estranhavas a ausência da tripulação e quando vias a água engolindo a âncora, depositavas a certeza da partida no vulto daquele homem esticando a rede. Então, apagavas a vela e caminhavas até ele. As nuvens avolumavam−se acima dos teus ombros, tinhas pressa. As chaves na gaveta ficariam para sempre imóveis e retorcidas pelo calor do fogo. Teu corpo úmido também cedeu. Estavas no fogo. Estranhavas o foco luminoso dentro da tua alma e depois aquele escuro sobrepondo−se ao fundo do fundo da terra. Esquecestes de se despedir da vida. O porto era apenas o começo do fim. Irreconciliável com teus sonhos, a memória do teu olhar reteve por pouco tempo a luz do dia e o dourado dos plátanos. Longe, muito longe, a ilha que um dia habitastes hoje forma irreconhecível desenho e formas. A ilha que foi tua vida. (será a ilha uma janela?)

Foto: Chronosfer

Seis meses de ausência dilacerante

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Hoje, quando os brasileiros estarão escolhendo o seu futuro, para qual direção seguir, e o contar das horas se tornar mais ansioso e medo e também alegria ou tristeza; hoje, 26 de outubro, são seis meses de ausência de Mario Rossano, meu pai. A dor permanece, dilacera meus nervos, estraçalha meus pensamentos, enfraquece o coração. Uma galáxia inteira de palavras não resume tampouco expressa tudo o que meus irmãos e eu estamos sentindo. Sempre, ao longo de toda a minha já longa vida, ouvi dizer que a única certeza que temos é a morte. Afirmo que não. A grande e exclusiva certeza é a dor da ausência. É saber que não vou mais escutar a voz dos nossos queridos, mãe e pai, que nos deixaram e que nos habitam no cotidiano. Mas, também é desta certeza que nos alimentamos, pois ainda que dor, sabemos que estão juntos e nós com eles assim como eles em nós. Continuamos, mãe e pai, porque vocês nos ensinaram a viver e a fazer cada partícula desse imenso universo de dias que cada um deles seja vivido com dignidade. Sentimos muito orgulho de terem sido os nossos pais.

Pai e Mar

No topo do post, reprodução da capa do livro Dá-lhe Rossano!, editado por meu irmão Mario, quando dos seus oitenta anos (foto acima, quando do seu lançamento em 2011 durante o GP Bento Gonçalves.)

300414 Primeira corrida no Cristal Mario Rossano e Duelo

Na história do Hipódromo do Cristal: vencendo com Duelo a corrida inaugural, em novembro de 1959.

300414 Ultima apresentacao publica de Mario Rossano em marco de 1970

Com Marvin, em 1970, a sua última apresentação pública.

Família Rossano
Família Rossano em entrevista à Revista do Globo, anos sessenta.

Rio Volga
Vencendo clássico com Rio Volga, no antigo e saudoso Hipódromo dos Moinhos de Vento.

Albornoz
Ainda jovem, saindo da adolescência, treinando Albornoz no Moinhos de Vento.

Fotos: Acervo pessoal de Mario Rozano.

Perdemos Jack Bruce

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A morte de Jack Bruce nos deixa mais embrutecidos. Mais tristes e vazios. Aos 71 anos, por problemas hepáticos – ele havia há anos feito transplante de fígado – o escocês de Glascow nos deixou. A história do rock, da música tem o seu nome gravado em letras maiúsculas. Nos anos 60 formou com o guitarrista Eric Clapton e o baterista Ginger Baker talvez o maior trio que já existiu. Lembro que justamente lá pelos anos sessenta, uma revista norte-americana escolhera os melhores instrumentistas do ano. Os três, que se chamavam Cream, fora, escolhidas em seus instrumentos. o baixo de Jack era extraordinário, dava um ritmo e uma densidade a cada música sempre com a sua criatividade reinventando arranjos e solos únicos. E pensar que certa feita, esse Cream fantástico, empresariado por Robert Stigwood, o mesmo dos Bee Gees, fazia com que abrissem os shows dos irmãos Gibb.

Se 1968 foi emblemático em todos os sentidos, o anos que nunca terminou e não terminará, por essas coisas da vida, foi o ano do fim do Cream. Composições clássicas como “I feel free” e a híper “Sunshine of your love” são inesquecíveis. Assim como o disco Weels of fire ou os seus shows de despedidas.

A carreira solo de Bruce não foi bem sucedida como no tempo do Cream. porém, fez a música que gostava de fazer. Com um quê de jazz e blues, sempre inovando e criando, deixa marcas profundas. Esteve em Porto Alegre com a sua Big Blues Band em 2012 – não assisti!.jackbruce_2

Abaixo, um pouco do trabalho único e fantástico de Jack Bruce.

www.youtube.com/watch?v=OUo3Nv7k4R0

www.youtube.com/watch?v=U0cTwy_p8fU

www.youtube.com/watch?v=3OcOTzVARDA

Fotos: Reuter/Brendan McDermid.

 

 

Dostoiévski: Na casa dos mortos

Doto

Trabalho de fôlego, relato impressionante, Memórias da casa dos mortos de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski nas livrarias também no formato pocket pelas mãos da Editora L&PM. Por sinal, realizando de extraordinário trabalho editorial, com sua linha de “bolso”, permitindo o acesso à leitura face aos preços acessíveis oferecidos. O romance do escritor russo narra um dos períodos mais difíceis de sua vida: os anos vividos na prisão. Condenado à morte por ideias revolucionárias, tem sua pena cancelada e transformada em quatros anos de confinamento na solitária e aterrorizante Sibéria. A dor entranhada em sua alma está em cada linha do livro. Uma história real, que se passou entre 1850 e 1862, e escrita às escondidas e de testemunhos de diálogos e de situações que viu e viveu. A partir do personagem  Alieksandr Pietróvitch, assassino confesso da própria mulher, Dostoiévski constrói um relato do dia a dia dos prisioneiros e de seus sentimentos, tanto os dele como os de seus companheiros de cela. Beira à insanidade o sofrimento por que passam no cárcere o que os transforma em seres sem nenhuma perspectiva moral além da total perda da individualidade. É uma crítica feroz ao sistema prisional que não recupera para a sociedade pessoas que cometem crimes, impedindo-os de um convívio normal em vida e, na prática, tem o efeito de fazer com que jamais possam diferenciar o bem do mal. Publicado em  capítulos nos anos de 1860 e 1862 pela revista Mundo Russo, a história encontrou ressonância entre os leitores e fez do autor um dos maiores escritores do mundo. Qualquer coincidência com o sistema prisional brasileiro é pura obra de ficção. Livro essencial.

Memórias da casa dos mortos

Dostoiévski

L&PM Pocket

327 páginas

Cuarteto

Tango

A cafeteria não tem cheiro de café. A ponta vermelho−alaranjada do cigarro vibra sem compasso algum. É uma pequena luminária movida a sopro humano. Então, a fumaça invade o espaço, contorna as xícaras, os copos de vinho, desenha círculos e formas que se dissipam com a mesma velocidade com que foram geradas. A tosse do velho sentado na última mesa é um acorde desafinado, misturando−se às vozes distorcidas. Soa às vezes como as badaladas de um sino anunciando a missa das seis da manhã. O cheiro contaminado do Gran Café vai incinerando um a um os bocejos da madrugada.

O brilho do vestido queima as retinas no contraste com o terno preto que o enlaça a cada movimento da dança. A carne sem o apetite de muito antes sustenta o corpo listrado de veias azuladas nas pernas magras, amparadas pelos saltos desproporcionais do sapato. O dançarino aperta a cintura expandida em suas fronteiras, e deixa−a escorregar suave até um palmo próxima do chão sujo do palco. Ergue−a em gesto decidido, ocupando o espaço vazio à frente, enquanto o bandoneón atravessa mais uma nota, Piazzolla por certo encolhe−se no túmulo pela sétima vez nesta mesma noite. E o cheiro contaminado vai cortando em pequenas fatias o tango tocado pelos músicos improvisados de músicos.

As luzes apagadas escondem por instantes as várias névoas expelidas por pulmões cansados. Um ponto aceso denuncia essas imperfeições, o vinho amargo não desce mais como a doce melodia de uma paixão, os tecidos se desfazem na tessitura do que foram. A noite esvazia lentamente as horas. As mesmas que aguardam impacientes os primeiros raios da manhã, despertando minutos e segundos em frações.

O casal, na eterna troca de olhares, tece mais outro movimento. E mais outro, e mais outro. E então, como uma explosão infinita de estrelas, apagam a chama dos corpos e dos copos. O bandoneonista fecha o instrumento, enquanto o piano respira pelas mãos enrugadas do viejo Manolo até o curvar das costas. O cuarteto curva-se para ninguém. Nem mesmo a lenta nódoa do cigarro resistiu ao horizonte.

Gardel sorri, pega o chapéu, e abre a porta. O tempo continua o mesmo de sempre.

http://www.youtube.com/watch?v=kdhTodxH7Gw

Foto capturada no site http://www.lunalatina.it

Once II (Mais uma vez)

Glen Markéta

Não, não é continuação. Não é franquia. Nada disso. Apenas um título sem nenhuma criatividade. De minha parte, claro. A verdade é que Glen Hansard e Markéta Irglová viveram na vida real o sonho não concretizado na tela. Romance que durou de 2006 até 2009 e dele nasceram belos discos. Em abril daquele ano, lançaram The Swell Season. A maioria das composições foram assinadas com Markéta e como instrumentistas participaram a finlandesa Maria Tuhkanen no violino e viola e o francês Bertrand Galen no violoncelo. Ano este em que filmaram Once. È um disco tranqüilo, sereno, belo. E teve sequência em 2009, mais uma vez com ambos, e como faixas bônus gravações ao vivo, inclusive a clássica “Failling Slowly”, vivendo um clima de cumplicidade com o público. Desfeito o “casamento”, Hansard lança em 2012 Rhythm and Repose, onde a compositora tcheca participa apenas dos backing vocals. É um trabalho de muita qualidade, de grande impacto emocional. De alguma forma ou de todas as formas, mantém a sua linha de compor e interpretar e isso sem dúvida o colocam em uma relação com que o escuta muita entrelaçada e sensível. O músico do The Flames irlandês dá um passo imenso. Grava o EP Drive all night (2013), e no Youtube pode-se ver suas apresentações com Bruce Springsteen e Bono Vox.

Por outro lado, Markéta lançou em 2011 o cd Anar e neste ano de 2014 chega às lojas com Muna. Em ambos, a instrumentista e compositora se destaca mais como compositora e instrumentista. Sua voz, delicada, não se completa com as composições e fica faltando algo. Assim como a dupla australiana, Angus & Julia Stone, se completam, a sensação que fica é que Irglová não funciona bem sem a presença de Glen. Todavia, são trabalhos que merecem audição cuidadosa, pelo sensível tratamento dado a cada canção e, sobretudo, por mostrar o que sente.

Abaixo os sites do The Swell Season, do Glen e da Markéta para serem visitados e lá estão vídeos e gravações muito interessantes sobre os seus trabalhos. E Once continua em nosso imaginário e na realidade.

http://www.glenhansardmusic.com

http://marketairglovamusic.com

http://www.theswellseason.com

Mar

Fotos: reproduções dos sites mencionados acima.

Once (Apenas uma vez): belo e dilacerante

Once

A primeira vez que ouvi falar do filme Once, no Brasil Apenas uma vez, a referência estava em sua trilha sonora. Escutei com todo cuidado “Failling Slowly” e descobri porque não por acaso foi Oscar de melhor canção de 2008. Ponto altíssimo todas as canções, em sua maioria composta pelos atores principais Glen Hansard e Markéta Irglová, também músicos na vida real. A história, segundo as pistas que fui seguindo através das críticas seja via imprensa seja pelas redes sociais, é singela e comovente. Afinal, uma imigrante tcheca, casada, procurando se adaptar a uma Dublin bela e gélida, e um jovem compositor e músico de rua em troca de algumas moedas, ao se encontrarem passam a ter outros tipos de encontro: a afinidade pela música e a quase desesperada necessidade de autoafirmação diante do cotidiano. Passam a ser ver todos os dias, ela se interessa pelas composições dele, e a trama está feita. O processo de criação e gravação, com também um grupo de rua, em estúdio da canção que permeia o filme todo se desenvolve em paralelo as tramas do interior das personagens. Cada um com seus dramas, medos e sonhos. A cena dos dois em uma loja de instrumentos musicais tocando e cantando “Failling Slowly” é comovente e sensível. É a síntese de cada um. É a essência de ambos. A trama se entrelaçando. Há espaço suficiente para criar no espectador a esperança de que um se apaixone pelo outro. Nas cenas em que Glen está compondo a música, outras tantas imagens de ambos embalam tal sentimento. Os dias passam, entram em estúdio, gravam e tudo segue a sua rotina. Ela, com a família, marido, filha, trabalho. Ele, violão ao ombro, caminha pelos corredores do aeroporto. Ela, ganha um piano, toca-o, lança o olhar pelo vidro da janela, encontrando as ruas quase desertas do subúrbio de Dublin. Ele, sorridente, caminha quem sabe ainda na direção dos seus sonhos. Por isso dilacerante, oferece o sonho e dá como retorno a realidade. Dirigido com maestria por John Carney, tem nos atores principais a razão de o filme colher tanta simpatia e sucesso. E, claro, uma extraordinária trilha sonora.

Once 2

www.youtube.com/watch?v=YXMiZwxwD4k

Reproduções capturadas na Internet.

Leonard Cohen: o velho poeta sempre novo

Leonard

O novíssimo disco de Leonard Cohen é o seu melhor dos últimos tempos. Talvez, esteja entre os seus mais desejados álbuns. Talvez é muito pouco para o poeta canadense. Cohen possui uma densidade e amplitude tanto em nível de palavra como na construção de melodias e harmonias que se afinam aos seus versos com precisão. E é justamente nas suas letras que reside sua força. Sua capacidade de renovar a si mesmo. Ainda que os temas possam ser assumidamente simples, como problemas tão recorrentes em nossa vida, a compreensão deles se entrelaça com o conjunto que se faz presente em cada arranja para cada canção. Seja na voz, sempre rouca, recitando as passagens quase em desespero quando o desespero é forte, em eloquência quando a esperança é mais forte que nunca. As bases sólidas, acompanhadas de backings perfeitos tornam cada faixa de Popular Problems um disco extremo em seu virtuosismo. Aos 80 anos Leonard Cohen se projeta à frente, sem medos. E ao ouvi-lo somos que exorcizamos os nossos medos. Belo e emotivo disco. Ouça abaixo um pouco do talento do poeta/compositor/cantor em várias fases de sua carreira.

www.youtube.com/watch?v=szYrXzEi0cg

www.youtube.com/watch?v=YrLk4vdY28Q

www.youtube.com/watch?v=QiYunX_mplg

www.youtube.com/watch?v=Ki9xcDs9jRk

reprodução da capa capturada na Internet