Antes de ser barco, sentiu a dor do corte.
Arquivo mensal: fevereiro 2014
Paco De Lucía, para sempre
A cada dia que o calendário risca, a humanidade fica menor, mais pobre, vazia.
Paco de Lucía (1947-2014).
Dizer o quê?
http://www.youtube.com/watch?v=0o8vszqVL2U&hd=1
Foto: capturada via Internet no site http://modaeyes.com
Usain Bolt atravessaria avenida de Porto Alegre?
Por certo, o atleta jamaicano recordista em Berlim dos 100m em 9,58s não teria nenhuma dificuldade para chegar ao outro lado de uma avenida da capital porto-alegrense que tenha sinaleira de 10 segundos. Por outro lado, uma pessoa comum apressaria o passo e talvez conseguisse chegar ileso. Pessoas que necessitam de muletas, por exemplo, jamais cobrirão o espaço no tempo determinado. Ficariam no meio do caminho. O somatório de dificuldades entre pessoas comuns e portadoras de deficiência para atravessar ruas e avenidas devem ser olhadas com cuidado e atenção pelo órgão competente. Partindo de uma premissa simples, no trânsito as responsabilidades são divididas entre pedestres e motoristas, é que há uma emenda ao Novo Estatuto do Pedestre aprovado na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A proposta é aumentar o tempo de travessia para 30 segundos. Há quem defenda a emenda, há quem entenda o contrário, que a cidade ficaria afetada negativamente em seu trânsito. É a posição do diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari. Ele argumenta que existe uma indicação da Organização Mundial da Saúde de que a média de velocidade caminhada é 1,2 m/s. Pode ser, mas tal parâmetro certamente é medido em pessoas cuja mobilidade é plena. Os portadores de deficiência não cobrem a mesma velocidade preconizada pela OMS. É o momento em que a sensibilidade no trânsito seja bem-vinda. E deve partir de quem o administra. Não basta multar automóveis em locais proibidos e guinchá-los, os agentes devem estar nos cruzamentos, nas ruas coibindo toda a sorte de infrações de parte a parte. O pedestre é, por natureza, o mais vulnerável. Basta alguns instantes em qualquer sinaleira e será feita a constatação de que o sinal vermelho para os automóveis, e consequente verde para o pedestre, não é respeitado. Se o objetivo é preservar vidas que se encontre um denominador comum na questão do tempo, mas que ao contrário de proporcionar maior velocidade ao trânsito, possibilite maior segurança a todos de maneira uniforme. O automóvel é para servir o homem. O que se vê é o homem servindo o automóvel. Há um projeto em andamento na EPTC de colocar câmeras para captar veículos que ultrapassam o sinal vermelho em alguns cruzamentos de maior movimento. Bendito seja o projeto, ainda que limitado. É um começo para tratar as relações de trânsito mais iguais. Quem sabe chegará o dia em que uma pessoa comum não precisará ser Usain Bolt para atravessar qualquer rua ou avenida da cidade. E que a nova regra se torne realidade.
Olhares sobre Praga
Foto: Chronosfer
Fotografia: Porto Alegre em estações
Fotos: Chrosnosfer
Turfe em alta
O esporte dos Reis está na vida de todos nós. De alguma ou de todas as formas, sempre somos atraídos pelos grandes prêmios. Não ficamos indiferentes. Gostamos de assistir os cavalos disputando corridas e as cores das blusas que os jóqueis vestem ficam como marcas.
o blog www.mariorozanodeturfeumpouco.blogspot.com diariamente está presente com o turfe brasileiro e latino-americano. Atual, dinâmico, o editor Mario Rozano, comparece as muitas das reuniões dos hipódromos vizinhos ao Brasil, além, claro, dos nossos de Porto Alegre, Pelotas, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Indicações de links de vários veículos ligados ao esporte das rédeas estão presentes assim como indicações para as corridas dos mais diversos hipódromos.
Para os turfistas, um prato cheio. Para quem quer conhecer um pouco mais sobre o turfe, um blog necessário. Vale a pena visitar o De turfe um pouco.
#FechadoComOTinga
Racismo não. Intolerável nos dias de hoje tanto quanto nos dias de ontem. Desde quarta-feira, em Huancayo, no Peru, nos tornamos menores como seres humanos. Enquanto houver uma única chama que alastre a discriminação, o preconceito, a homofobia seremos a cada dia a falta de água para impedir que se alastre este crime contra a humanidade.
Racismo Jamais. #FechadoComOTinga
Para o Conselho de Ética da Câmara Federal
Expediente comum em regimes autoritários, cassar mandatos parlamentares ou fechar parlamentos e judiciários aos poucos perderam força no território latino-americano. No entanto, o comportamento de alguns eleitos legitimamente pelos eleitores não correspondem aos tempos em que vivemos. Não possuem compreensão suficiente de que a sociedade hoje convive com informação instantânea e o que acontece entre as quatro paredes de uma reunião pode escapar pela porta ou por uma janela. Assim, o vídeo, contendo os discursos dos deputados federais gaúchos Luis Carlos Heinze, do PP, e Alceu Moreira, do PMDB, tropeça no que que pensam através de palavras, aparentemente, encerradas entre as quatro paredes. Não sabiam que a porta e as janelas não estavam vedadas. Eles foram diretos. Objetivos. Não deixaram margem para explicações do tipo ” foi força de expressão ” ou ” são frases fora do contexto em que foram ditas “. A gravação caracteriza a gravidade do que foi afirmado. O deputado progressista – progressista? – é claro: ” Agora eu quero dizer para vocês: o mesmo governo, seu Gilberto Carvalho também é ministro da presidenta Dilma, e é ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo o que não presta, ali está aninhado e eles têm a direção e o comando do governo “. Precisa mais algum comentário? Basta acessar o vídeo que circula pelas redes sociais para ouvi-lo. Por outro lado, o peemedebista não deixa por menos: ” Por que será que, de uma hora para outra, tem que marcar terra de índios e quilombolas? O chefe desta vigarice orquestrada está na ante-sala da presidência da República e o nome dele é Gilberto Carvalho, é ministro. Ele e seu Paulo Maldos (Secretário nacional de Articulação Social). Por trás desta baderna, desta vigarice, está o Cimi (Conselho Nacional Indigenista), que é uma organização cristã, que de cristã não tem nada: está a serviço da inteligência norte-americana e européia para não permitir a expansão das fronteiras agrícolas do Brasil “, entre outras afirmações. De ambos os legisladores federais, diga-se, a respeito de contratação de segurança privada para defesa das terras por parte de pequenos agricultores, ou de se fardarem de guerreiros (os agricultores), aos atentos ouvintes de suas manifestações durante evento realizado em novembro passado em Vicente Dutra no Rio Grande do Sul. A imunidade parlamentar não pode em nenhuma circunstância ultrapassar limites. Antes de ser parlamentar o deputado ou senador, não importa quem seja, ele é cidadão e como tal deve responder por seus atos. Não pode um deputado escudado pela imunidade expressar preconceito como foi feito muito menos pode também um parlamentar se referir a um ministro de estado como vigarista. Divergir é da democracia, ser oposição é da democracia. Ascender ao poder em eleições livres e diretas é da democracia. Agredir minorias, ministros ou mesmo outros colegas de legislativo é furar o bloqueio da imunidade. Não é democrático. É exercício autoritário de um bem que deve ser usado para a defesa de ideias. O mínimo que se espera é que o Conselho de Ética da Câmara os intime e, para o bem da democracia, se for o caso, que tenham os seus mandatos cassados por falta de decoro parlamentar. E que a discussão que comporta a demarcação de terras indígenas seja feita com maturidade e discernimento por todos os envolvidos, inclusive, ou principalmente, por parte do governo federal. Por questão de justiça, a direção do PP no estado repudiou as declarações de Heinze, segundo o jornal Zero Hora de 13 de fevereiro de 2014.
Perdemos Giba Giba
Nossos encontros foram como as estações. Aconteciam em seu tempo. Sem pressa. Do jeito Giba Giba de ser. Por vezes, e tantas vezes aconteceu, esses momentos se tornaram mais raros. Eu, editor, poucas reportagens na pauta, livros à mesa, gráficas, autores, provas. A vida em cada página, dia após dia. Ele, sopapo pelo mundo. Filosofia em cada palavra, em cada batida, em cada verso, em cada ritmo. Outro Um nasceu assim, estação e fruto maduros. Tive a felicidade de estar com ele no seu lançamento e divulgação. Quase sempre, ou sempre, atrasado, uma conversa aqui, outra ali, um almoço mais demorado na Cidade Baixa, as histórias se confundindo uma com as outras. E o sorriso denunciando a alegria de ser Giba Giba. Logo depois, então repórter da Revista Porto&Vírgula, a pauta chegou ao natural: o disco do Giba. Sentados em uma das mesas do bar do Centro Municipal de Cultura, gravador ligado, faltou fita. A conversa correu solta, leve, profunda, densa, com a intensidade própria de Giba Giba. E veio o problema: meu espaço era de apenas duas páginas. E nada mais. Escrevi com o sentimento de estar faltando muito. E a surpresa tão logo a publicação circulava pela cidade. Ele me procurou e não apenas agradeceu, mas teceu tantos elogios que ainda não cabe dentro de mim o que senti. E todas as vezes em nossos encontros, a palavra dele começava com a matéria que eu havia escrito. Em silêncio, ficava feliz. Muito.
A tarde quente e absurda desses últimos dias de janeiro penetrou fevereiro com mais força. Passando pelas notícias da internet estava lá o anúncio da morte de Giba Giba. Estático, li, reli até que me convenci que era verdade. Gilberto Amaro do Nascimento decidira partir. Não sei mensurar sua perda. Ele é muito maior para que eu possa pensar em perda. Passei para o player Outro Um. E o abraço espontâneo partiu de ambos. Perdemos Giba Giba. Nossa realidade mais próxima. A de todos os dias, é a sua presença com seus tambores a nos lembrar da vida que temos que seguir. Como ele sempre fez. Com sabedoria.
Reproduzo, em sua homenagem, a matéria feita com ele em Porto&Vírgula nº11 de dezembro/janeiro de 1992/93.