A longa lista que faz parte de “minha vida” musical possui nomes que realizam fora dos seus grupos, antes durante ou depois deles, trabalhos relevantes. Ian Anderson, a flauta mágica do Jethro Tull, é um desses nomes. Cito, de passagem, o baterista Ginger Baker. Integrou o power trio Cream, que tinha Jack Bruce no baixo e Eric Clapton na guitarra. Baker produziu álbuns fantásticos na África, e algum dia estará por aqui. O Anderson é uma figura carismática, talentosa e inquieta. Dono de excepcional performance à frente do Jethro sempre foi capaz de canalizar sua criatividade para além dos sopros. Sua magia é ser justamente inquieto. Em Divinities: Twelve dances with God com Andrew Giddings cometeram uma pequena obra-prima. São 12 faixas instrumentais influenciados por diferentes tradições musicais étnicas: Celta (“In the grip of stronger stuff”), espanhola (“In the pay os Spain”), africana (“En Afrique”) e outras que remetem a orações (“In a stone circle”) e sentidos e significados para além das sonoridades e ingressando na espiritualidade. É um disco denso e também suave. Capaz de transformar os instrumentos como parte do próprio espírito do todo que se cria e se renova. Inspirador e forte, Ian Anderson é uma mago da cores sonoras e faz de cada canção um motivo para celebrar a vida. (Abaixo, o disco na íntegra.)