Tem algum bom tempo que o Mawaca faz parte da minha vida. Veio junto com a chamada world music e na bagagem também outros grupos como o Terra Sonora, por exemplo. Não houve nenhum estranhamento. Se na década de sessenta as pedras começaram a rolar com o rock e o blues por que não brasileiros não poderiam hospedar em sua música universal a universalidade étnica? Assim, em encontros que aconteciam por aqui – Porto Alegre – havia sempre banca de venda de discos que passavam e ainda passam ao largo dos meios mais comerciais. Violeiros, grupos étnicos, folk brasileiro, nordestinos, paraibanos, o Armorial, Quinteto da Paraíba, iniciantes, uma gama quase infinita de nomes de conteúdo imenso e criativo. O Mawaca estava entre eles. Hoje, entre os meus preferidos, não descansa na cedeteca. É para estar no player quando a manhã começa a ganhar cor e descobrimento. Os vocais harmonizados com instrumentos acústicos como o acordeom, o violoncelo, a flauta, o sax e mais as tablas indianas, beri,bau, instrumentos árabes, africanos e de outras regiões do Brasil compõem um quadro sonoro vital de entrelaçamento entre culturas seja ela japonesa ou irlandesa, seja ela da Finlândia ou da Indonésia. Há sempre um ponto comum e uma fronteira desfeita. Uma terra de todos em cada acorde e em cada vocal. Música sim do mundo. E nossa.