Buddy Guy: Born to play guitar

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Se você começar uma lista de bluesmen ela deverá ter como primeiro nome BB King. Depois, vem uma gama de guitarristas de primeira: Howlin´ Wolf, John Lee Hooker, Muddy Waters, Robert Johnson, Stevie Ray Vaughan, para ficar apenas com esses. Claro, os mais novos: Jimmy Page, Eric Clapton, John Mayall – talvez o mais velho de todos -, Keith Richards – os melhores discos dos Rolling Stones são os primeiros, com pegada blues -, Johnny Winter e outros mais. E, não, não ficou esquecido: Buddy Guy, que pertence a primeira lista lá de cima. O genial Buddy Guy. para não deixar o tempo muito mais distante, afinal ele passa com rapidez absurda, ele chega com Born to play Guitar. Não é um disco renovador, não traz novos ares, não contém excessos, não há viagens sonoras tampouco avança qualquer sinal nas tessituras do blues. É um trabalho onde as cordas de sua guitarra alternam o suave com o um pouco mais veloz nas melodias. Mantém o ritmo aceso como todo bluesman faz e reverencia sua guitarra. A doçura com que as faixas vão passando reserva a alguns convidados momentos sublimes. Ficam dois desses registros como referência: Joss Stone e o bardo irlandês Van Morrison, outro que possui uma alma blues. É com Morrison que a emoção atinge seu ponto mais alto, em canção que homenageia o mestre BB King. E com a musa Joss, um dueto singelo e repleto de nuances entre o tocar as cordas e voz da cantora. É um Buddy Guy em forma, bom para se ouvir e mostra bem porque nasceu para a guitarra.

The Band: The Last Waltz

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Rick Danko, Levon Helm, Garth Hudson, Richard Manuel e Robbie Robertson: The Band. Paul Butterfield, Bobby Charles, Eric Clapton, Neil Diamond, Bob Dylan, Ronnie Hawkins, Dr. John, Joni Mitchell, Van Morrison, Ringo Starr, Ron Wood, Neil Young, Muddy Waters, Jim Gordon, Emmylou Harris e The Staples: The Last Waltz. A despedida de uma banda que captou, ao acompanhar o bardo Dylan em muitos trabalhos, a essência de uma época. Possuía vida para muito além de Mr. Zimermann, Um grupo de músicos que deixariam os palcos para apenas gravar discos em estúdio. Fez-se o concerto. 1976. E o que era apenas uma reunião de adeus com dois convidados transformou-se em uma celebração. Martin Scorsese filmou. Levou-o às telas. Ainda que muitos integrantes do Band não tenham gostado, The Last Waltz é uma referência em filmagens de bandas de rock. Discos foram lançados. Entre eles, esse cuja capa está reproduzida acima. Não há muito o que dizer. Basta ler a lista de músicos e ouvir. Momentos inesquecíveis habitarão a sua memória musical afetiva.

Jimmy Rogers All Stars Blues Band

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As histórias de músicos que tocavam blues ou jazz pelas noites em bares e clubes inundam não apenas a realidade de uma época como também o imaginário de muitos de nós. Com Jimmy Rogers não diferente. Nem poderia ser. A história mantém certo rigor com esses músicos que desafiavam o próprio tempo e faziam música por paixão e por sobrevivência. Rogers aprendeu no seu Mississippi desde cedo a tocar harmônica, e depois foi para a guitarra. Caminho do blues. Apesar de já tocar com alguns nomes consideráveis, e participar de gravações sem crédito algum, somente ao fim dos anos 40 com Muddy Waters e Little Walter é que a sua história começa a ganhar outra história. E em 50 faz sucesso com  “That´s all right”, em disco solo. Ainda, no entanto com Waters alguns anos mais até seguir solo, com alguns outros companheiros de vida nas gravações. Estoura com “Walking by myself” e o fim dos anos 50 também é o fim do interesse do público pelo blues. Pelo menos em nível de escutar blues com intensidade. Antes de sair de cena, integra a banda de Howlin´ Wolf. Sair de cena significou para Jimmy ser motorista de taxi e proprietário de loja de roupas. Uma mudança visceral em sua vida, que seria ainda mais violenta em 68 quando teve seu patrimônio destruído por incêndio quando dos distúrbios que geraram o assassinato de Martin Luther King. Um golpe não apenas na vida de Jimmy, mas de todos os que sempre desejaram (e desejam) a paz, a vida sem preconceitos, sem intolerância, sem racismo, sem nada que possa sufocar o ser humano. Um golpe na igualdade social no emblemático 1968. Ao retornar a sua vida, a música volta também, inicia uma carreira solo, e o interesse aos poucos também gera novo público. Grava esse antológico Blues Blues Blues, onde desfilam instrumentistas do tamanho de Eric Clapton, Lowell Fulson, Jeff Healey, Mick Jagger, Taj Mahal, Jimmy Page, Robert Plant, Keith Richards e um surpreendente Stephen Stills. Um disco doce, onde Rogers fica quase escondido entre as “feras”, mas que desperta para uma sonoridade tranquila, com belíssimos solos de guitarra e canções maravilhosas. No entanto, Jimmy Rogers, um grande músico, de pouco público em sua vida, não pode “curtir” o disco em sua plenitude. Pouco antes de o lançamento ser realizado, partiu. Este registro é um presente. História para ser contada e vivida em cada faixa do disco.