Trilhas sonoras, às vezes, são melhores que os próprios filmes, documentários que emolduram. Não sei a razão, afinal é outra linguagem e está junto a outras com a literatura/roteiro e imagem exige sincronização, porém, há os personagens e isso pode mudar tudo. A música não precisa acompanhar o todo do enredo e sim ser parte da identidade do personagem. Faz a diferença. Gosto dessa integração, no entanto. As intervenções musicais criam climas, instigam os pensamentos, o imaginário, aguçam leituras, expressam olhares, invadem sonhos, geram pesadelos. A música é um bálsamo e um terror dependendo das cenas e eis o fascínio de estar se relacionando não apenas com as pessoas e sim com a imagem em movimento. Por óbvio, algumas canções se destacam dentro desse universo fílmico. E têm vida fora das telas, distantes das salas escuras. “Streets of Philadelphia” do Bruce Springsteen é um exemplo. “Woodstock” é quem sabe o documentário por inteiro, “Forrest Gump” é magnífica e poderia ficar listando milhares sem exagero algum. Passages é uma viagem para dentro da alma. O minimalismo de Glass com a montanha sonora indiana de Shankar é daqueles momentos em que o trabalho musical se separa da película e ganha seus caminhos. mergulho profundo e suave, capaz de canalizar essência e batidas do coração. Disco para ser escutado de olhos fechados.