
Pouco antes de os 79 anos bater em sua porta, Leonard Cohen esteve no Dublin´s 02 Arena e gravou um disco ao vivo. E para quem possa imaginar que sua voz estivesse cansada, beirando a cheiro de mofo, está enganado. Live in Dublin é um álbum triplo que respira e transpira sensibilidade. Não faz espécie alguma de concessão. É um Cohen à pele. É visceral. Vibra ao extremo. Faz vibrar em outros tantos extremos. O poeta bardo está melhor que nunca. Maduro, comove. Emociona-se, seduz com sua voz dilacerante. O canadense de Westmount entrega ao mundo um punhado de canções que vão penetrando em nossa corrente sanguínea e acelera o coração. Sem dúvida seu melhor ao vivo em anos, em especial após Songs from the road e Live in London, não que esses possam parecer menores diante do disco gravado na Irlanda. Absolutamente não.

Apenas, e esse apenas parece ser tão deslocado como palavra e sentido diante do universo de Cohen, ele trabalhou o seu tradicional repertório com canções como “Dance me to the end of love”, “Bird on the wire”, “Who be fire”, “The future”, “Suzanne”, “In my secret life”, “Hallelujah” e “So long Marianne”, todas clássicos, e cria arranjos envolventes e, sobretudo, repletos de vocais em backing, e passagens instrumentais que se fundem com sua voz de forma única e infinita. Destaques para Alex Bublitchi, violino, Javier Mas, guitar, laud, bandurria, e as sempre extraordinárias cantoras de apoio Sharon Robinson, Charley Webb e Hattie Webb. O tempo e Leonard têm uma relação muito próxima um do outro. E isso o torna ainda mais um descobridor de novos horizontes e abre novas possibilidades para quem o acompanha. Ele é parte de nossas vidas. Podem acreditar. (Este post é dedicado ao amigo de todos os momentos, filho de novembro, Marcelo Fébula, músico, compositor, turfista, porteño e também já com o coração porto-alegrense.)
www.youtube.com/watch?v=TC5xv3JKy8E
www.youtube.com/watch?v=THUhjzYz2n4
Fotos: Getty Images