O documentário e cd Café de los Maestros (2008) eterniza o tango. Melhor. Mostra uma, duas ou três gerações do tango que andavam esquecidas no tempo e no espaço em Buenos Aires. Viviam nas lembranças e nas fotografias penduradas nas paredes dos velhos cafés e cabarés que ainda resistem em sobreviver. Assinado por Miguel Kohan, mostra os bastidores da preparação que os “viejos” fazem antes de subir ao palco do Teatro Colón para sua grande apresentação. Desfilam nomes como Osvaldo Pugliese, Aníbal Arias, Horácio Salgán, Aníbal Troilo (arq. footage), Oscar Berlingieri, Juan D´Arienzo (arq. footage), Virginia Luque, Lágrima Rios, Leopoldo Federico, Emilio De La Peña, Carlos Garcia, Alberto Podestá entre tantos que iluminaram a noite portenha. Alguns relatos são comoventes como o de Virgina Luque, que buscada no Uruguai, conta como o tango entrou em sua vida e canta. Simplesmente fantástico momento. Assim como as conversas entre eles revelam o sentido e significado do tango, o quanto eles se confundiam com o gênero e o viviam e o que hoje, isso há sete anos atrás, se passa na música. Imagens deles jovens emocionam. Como tocavam, com um sentimento único e extraordinário que levantava públicos. Os ambientes, a dança, os jovens, as corridas de cavalos, o futebol, o tango está presente na vida de todos. Há uma passagem que mostra também o quanto não se apegavam ao passado, mesmo em seu tempo, há um pianista – não lembro agora o nome – que mostra harmonias que escutava em Bill Evans e queria trazer para o tango. Para eles, nunca o tango foi estático. Ao contrário. Sobre piano, se fixem em Horácio Salgán, magnífico. A produção de Gustavo Santaolalla, que trabalha com León Gieco, por exemplo, e Bajofondo, é algo simplesmente brilhante. Assisti mais uma vez o documentário na tarde de sábado passado por um canal da tv a cabo. Uma tarde de lembranças, alegrias, tristezas e de tango. Café de Los Maestros. Não é necessário dizer nada. Se não puder assistir, ouça o disco.