A pianista sueca Anna Von Hauswolff compõe e canta com equilíbrio e densidade. 2010 fica como uma marca do começo: Singing from the grave. Por óbvio, as comparações também começaram: um quê de Kate Bush, por exemplo. Todavia, o equilíbrio e o diferente em Anna, cujo rótulo aparece em pop/rock, está na forma, na estética: toca órgão de igreja. Integra-se ao ambiente. Marca seu território em nuances próprios e distantes dessas comparações comuns e ávidas feitas por alguns críticos mais apressados. A sueca possui talento. Abre espaços para qualquer gênero. Suas teclas são universais. Suas mãos deslizam suaves no folclore, no gótico, no pop, até mesmo no metal. Por que não? E faz a mescla de rock com músicos clássicos. The Miraculus é uma síntese dessa forma e estética que a torna por vezes sonhadora, delicada e em outras com o humor abaixo da linha dos olhos. Transforma sua voz em instrumento, entrelaça-a com o órgão. Tinge as faixas dos discos que gravou com tantas possibilidades, com intensa alternância de voz e sons cada audição é um momento diferente e único. Eis aí o equilíbrio, a intimidade, a delicadeza, o acolhimento que a música de Anna envolve quem a ouve. Por ser diferente, faz a diferença. Ouça com atenção.