Rodolfo Mederos & Nicolas “Colacho” Brizuela: Tangos

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A música que vem do jazz e do blues, cuja matriz é africana, verte pelos poros dos instrumentistas do mundo. E gera frutos infinitos. Aqui na América do Sul uma gama de influências a partir da conquista do território, e a custo desumano e injustificável de crimes contra a humanidade como saques da cultura, genocídios e escravatura – para ficar nesses três – inseriu no espectro cultural de nossos países a formação de novos ritmos, novos jeitos de tocar instrumentos além da introdução natural de novos instrumentos. Bom, tudo isso para dizer que músicos de tango também, tempos depois, para além das vivências dos bairros portuários e outros ambientes de Buenos Aires, não se fixaram tão somente nas estruturas convencionais de então. Ao longo do tempo, com a quebra dessa estrutura, em especial por Astor Piazzolla, os instrumentistas característicos do gênero não eram apenas autodidatas, se não que estudavam ou com músicos consagrados ou em escolas de música. E no currículo estava o jazz, que Piazzolla já mesclava ao tradicional. Não foi diferente com o bandoneón de Rodolfo Mederos e com o violão de Nicolas Brizuela. Se Mederos possui uma trajetória mais ligada as orquestras, independente de seu trabalho solo, como a do mestre Osvaldo Pugliese e parcerias importantes com Mercedes Sosa, Luis Alberto Spinetta e até mesmo com o catalão Joan Manuel Serrat. Por outro lado, “Colacho” Brizuela se consagrou como violonista de Mercedes Sosa, desde que gravou com La Negra Mercedes canta Atahualpa Yupanqui no já distante 1977. E, naturalmente, participações em diversos trabalhos em especial com o jeito peculiar de tocar violão e interpretar o folclore argentino. Dessa união, nasceu um disco memorável: Tangos. Um repertório clássico e de compositores que não aparecem em uma primeira lembrança para quem não conhece tango. Um disco instrumental. Bandoneón e violão. Para ser ouvido, escutado, e se deixar levar por suas texturas suaves e reveladoras dos mais secretos tesouros das harmonias que permaneciam escondidas em algum lugar do tempo passado.

Don Atahualpa Yupanqui, simplesmente

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“A partícula cósmica que navega meu sangue é um mundo infinito de forças siderais. Veio a mim sob um largo caminho de milênios, quando talvez fui areia para os pés do ar. Logo fui a madeira, raiz desesperada submersa num silêncio de um deserto sem água. Depois fui caracol, quem sabe onde, e os mares me deram a primeira palavra. Depois a forma humana derramou sobre o mundo a universal bandeira do músculo e da lágrima. E cresceu a blasfêmia sobre a velha Terra, o açafrão, o “tilo”, a copla e a “piegaria”. Então vim a América para nascer um homem e em mim juntei a selva, os pampas e a montanha. Se um avô da planície galopou até meu berço, outro me disse histórias em sua flauta de “cana”. Eu não estudo as coisas, nem pretendo entende-las. As reconheço, é certo, pois antes vivi nelas. Converso com as folhas em meio dos montes e me dão suas mensagens as raízes secretas. E assim vou pelo mundo sem idade nem destino, ao amparo de um cosmos que caminha comigo. Amo a luz, o rio, o caminho e as estrelas, e floresço em violões porque fui a madeira.”

Tempo do Homem – Atahualpa Yupanqui, tradução de Dércio Marques.

Foto: capturada no Youtube

Mercedes Sosa: Deja la vida volar

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A América Latina e o mundo calaram em 04 de outubro de 2009. A tucumana Mercedes “La Negra” Sosa acabara de silenciar seu canto en vivo entre nós para sempre. Com ela, uma nova canção, assim como no Chile, brilhou junto com a utopia por um mundo melhor e mais justo não apenas nas Américas nas nos países chamados de periféricos. O folclore, a contestação, o exílio, a força do coletivo, o olhar para os novos e para o novo, a terra semeada, a vida produzindo vida formavam sua pele, seu coração, sua alma. Deja la vida volar é uma compilação de apresentações feitas pela Europa e em sua Argentina. Lançada após o seu primeiro ano de sua partida, o nome do disco é significado, pelo “voar”, pelo compositor da canção, Victor Jara, e pelo repertório, que abraça desde os mais antigos, inclusive o tango, até os mais jovens como Jorge Drexler, Fito Paez, a extraordinária Violeta Parra, o nosso eterno Milton Nascimento, o mágico Atahualpa Yupanqui, a magia de Maria Elena Walsh, os maravilhosos Ariel Ramirez e Felix luna – Misa Criola, para quem não lembra – e o revolucionário Piazzolla.Mercedes Sosa. Não é preciso escrever nem dizer mais nada.

Elomar Figueira Mello: um mar de harmonias e poesia

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Elomar Figueira Mello ou Elomar. A vida na terra, terra de vida que tem mar no nome. É dos trilhos do ontem que repousam o brilho dos seus acordes, as palavras da sua poesia. Sabe dos movimentos das estrelas, dos movimentos dos barcos, onde o deserto tenta queimar a esperança, que se arrastam pelo nordeste e seu interior, lugar onde nasceu baiano. Sabe da lentidão da grande cidade e de suas janelas aprisionadas, lá onde se fez Arquiteto. E na aridez, na umidade dos caminhos onde vive, atravessando cotidianamente as pontes do sonho e da realidade, hospeda dentro da alma o interior do interior. Com a mistura de culturas vividas através dos séculos, estão presentes – a ibérica, a árabe, trazidas pela colonização portuguesa – nas terras da sua vida. São também raízes que não secam. E entre o folclore próprio de olhar cristalino do erudito cria o seu estilo, faz nascer a linguagem dialetal sertaneza, como assim chama. Violeiro. Escrever o quê mais? Não sei. Convido a um pequeno stop em seus minutos e apertem o play logo abaixo. E vivam Elomar. O mar dentro do nome.

Espanha, Argentina e México: Raíz

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Encontros são comuns entre artistas. Nem sempre há “química” entre eles. Alguns grupos funcionam bem como grupos. Solos, cada artista pode se dispersar e não produzir o que se espera. Não é regra, apenas um pensamento que vai sendo escrito ao natural enquanto no player desliza o Raíz com a mexicana Lila Downs, a espanhola Niña Pastori e a argentina Soledad Pastorutti. É de 2014, chega aqui com algum atraso. E com marcas que não deixam dúvidas: indicações ao Grammy como melhor disco de folclore e disco do ano. Levou o de melhor na categoria folclore. este 2015 se apresenta como indicado como melhor álbum pop latino. Não é pouca coisa mesmo. O que importa, na verdade, é a razão de o encontro acontecer. Através dos pontos comuns em culturas aparentemente distintas porém com raízes, para exagerar mais um pouco, muito semelhantes, as três cantoras se aproximaram da raiz musical espanhola. Um repertório clássico de cada país de origem, e a história começou a ser contada. As 16 canções do disco comporta as respectivas identidades como se todas elas fossem uma única identidade, preservando suas origens. e para validar a proposta, a busca do passado musical encontrou o presente. Sonoridades que não se afastaram entre elas, entre si e entre o público. “La raíz de mi tierra” foi o primeiro passo, e funcionou bem. Foi o sinal de que as harmonias espanholas, mexicanas e argentinas mais que pontos comuns possuem a generosidade da integração. O destaque fica para o tango “El día que me quieras”, “Sodade” e poderia ficar listando outras canções. O disco é um documento valioso pelo que apresenta e pelo que propõe. A “química”? Bom, deixo para quem escutar Raíz decidir.

Trio Cumbo: Los tiempos cambian

Cumbo

O título é atual. É a vida que segue. E seguimos também. O disco de Jorge Cumbo, argentino de nascimento e alma, tocador exímio de quena, maestro, compositor, arranjador e um punhado de mais atividades, é a essência de que os tempos mudam. Recebem ventos, que podem ser novos ou mais envelhecidos, mas que forçam às mudanças. Na música, na política, na cultura, na educação, na saúde, na segurança, na vida. Talvez esteja não apenas no título de um disco argentino que comprei na França – foi lançado em 1995 – a resposta para muitas das inquietações que se manifestam não apenas hoje, com certeza se manifestarão amanhã se a possibilidade existir. O mais curioso desse trabalho, significativo para além das palavras, até por se tratar de temas instrumentais, é a trajetória do repertório em seus nomes igualmente significativos. “La antigua”, “Trifasico”, “Pintandome el alma”, “Luz de la noche”, “La vuelta de los tachos” e, óbvio, “Los tempos cambian”. Existe uma combinação nesse entrelaçamento de canções que vejo quase como um aviso. Tenho a consciência de que os tempos mudam. Porém, não voltam para trás. Os tempos não vestem jamais o verde autoritário do passado recente. Não os tempos que me restam viver. E ao escutar o Trio Cumbo sinto uma renovação para muito adiante de qualquer palavra escrita. Cumbo tocou no emblemático grupo Urubamba, que acompanhou Paul Simon. Período esse em que havia uma curiosidade com a música latino-americana, deixando um pouco de lado as rumbas, salsas, merengues, cumbias, e essa curiosidade chegou a estereotipar o latinismo musical em “El condor pasa”, gravação de Simon & Garfunkel. À época, chegou ao esgotamento e o “hino” era já exaustivo aos ouvidos mais apurados e conscientes e exigentes. A nossa América estava abaixo de mau tempo. Todavia, por alguma razão os exilados latinos em Europa produziam muito. Quando do certeiro e fatal golpe de Pinochet no Chile em 1973, que rasgou a constituição de bombardeou o La Moneda e Salvador Allende, grupos como Inti Illimani e Quilapayun estavam no continente europeu e por lá permaneceram até os anos oitenta e poucos. Fica para outro post esse assunto. A produção deles encantava o público. E trabalhos sólidos em sonoridade e poética estavam circulando livremente. Aqui, o silêncio, a censura, o confinamento. De tudo. Los tiempos cambian. É verdade. Avançamos. Cumbo avançou. Participou de diversas formações, com Lito Vitale, Gerardo DiGiusto, Ricardo Moyano, com o pianista Manolo Juárez, Leo Masliah, Lucho Gonzaléz. Eis aí um trio extraordinário: Cumbo-Vitale-González. Jorge é sinônimo dessa versatilidade toda que envolve a música, suas descobertas sonoras, suas texturas com os sopros sem jamais descansar. É um dos músicos mais importantes do folclore argentino. O que se escutar de sua obra é com certeza estar “cambiando los tiempos”. Tempos melhores. Mais uma vez, a Argentina e sua riqueza musical abraça o que há de melhor na vida: o viver.

 

León Gieco: Por partida triple

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Conheço o trabalho de Leon Gieco desde sempre , acredito. Não lembro exatamente a data em que suas canções entraram em minha vida, lembro apenas de que quando meus amigos iam a Buenos Aires pedia para que nas suas bagagens de retorno estivessem algum vinil ou cassete dele. E assim vinham aos poucos alguns dos seus discos. Isso preenchia aqueles anos confusos e de transição que foram os oitenta por aqui no Brasil. Somente em 94 é que estive com Leon. Primeira entrevista, cds nas mãos – Desenchufado e Mensajes del alma – e palavras que faziam tanto sentido quanto a necessidade de transformar não apenas o meu país mas toda a América Latina. Não sei exatamente quando ultrapassei a fronteira entre o jornalista e o admirador confesso, quando o entrevistei naquele inverno rígido que descansava na capital portenha. Sabia no entanto que a palavra de Leon mais que um eco irradiava seus raios por todos os espaços que eu pisava ou frequentava. E ao mesmo tempo sofria com um mal que até hoje permanece: a cultura latino-americana não transita livremente entre os países. Não encontro nenhum disco de Gieco nas lojas de Porto Alegre como se fosse disco brasileiro, e sim como importado o que eleva seus preço a valores que os faz adormecer nas prateleiras. Foi em uma ida a Montevidéu que comprei Por partida triple coletânea magnífica dividida em três partes, significa três cds, que abrem o arco infinito de sua obra: Rock, Folclore e Rutas. Nas 47 músicas escolhidas, as faixas distribuídas conforme o trio de gêneros, vão desde gravações inéditas, canções suas gravadas por outros artistas e ele como convidado, versões ao vivo e que jamais estiveram antes em registros oficiais, gerações distintas de artistas e por aí o trabalho vai se desenvolvendo a tal ponto que fica impossível desligar o player. É natural que haja passagens da carreira do músico nascido em  Cañada Rosquín, província de Santa Fé, em que seus trabalhos não sejam alçados a categoria maior, sem jamais entretanto afetar seu compromisso social expresso em sua poética contundente e densa. Difícil escolher qual dessas mais de quarenta composições escolher essa ou aquela. O que já estava explícito no seu Por partida doble ou em qualquer outro de seus discos,com a mesma intensidade de respostas e questões, e também com generosas passagens de amor e de paisagens naturais, a sua obra se revela coerente. O social, a razão de viver do ser humano está em primeiro lugar. E sua harmônica e o violão não deixam um único acorde de fora desses versos tão sólidos e definitivos. Uma caixa com três cds e um oceano de sentidos a nossa espera.

Piazzolla Plays Piazzolla: Escalandrum

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Um catálogo para ninguém pôr defeito mostra a qualidade e o que é o Escalandrum. Para quem pensa que por ser um grupo de jazz criado aos fins dos anos noventa passados pelo neto de Astor Piazzolla está isento de críticas está enganado. Todavia, os instrumentistas que seguem Daniel “Pino” Piazzolla são músicos, compositores e intérpretes de primeiro time. As influências do avô são evidentes, mas em nada, absolutamente nada, traz qualquer inconveniente ao processo de criação e execução do grupo. Desde o seu início se destacou com discos soberbos e de densidade que apenas revelam que o DNA Piazzolla é forte. Até chegar a sua talvez obra-prima Piazzolla plays Piazzolla foram dez anos de trabalho, de experiências, viagens, estar em palco com Dave Holland e John Scofield, por exemplo, materializou toda a proposta de fusão que foi o começo de tudo. Se Astor Piazzolla nos anos 50 e 60 mexeu com todas as estruturas do tango convencional, introduzindo a ele as linhas mágicas e de improvisação do jazz, criando, assim, uma nova linguagem, o Escalandrum não fugiu do seu destino. Com o mesmo intento, porém, mais atuais – afinal estamos no século XXI – a fusão entre o jazz, o tango, o folclore e outros ritmos continua sendo a razão de ser de Pino, Mariano, Martín, Nicolás, Damián e Gustavo. E nada acontece por acaso. Desenvolvem com identidade própria suas canções e as do mestre com tanta espontaneidade que dão aos ares da capital portenha e ao país platino um sabor diferente e novo. Trajetória que impõe sobretudo intensidade ao processo de criação, o Escalandrum se inscreve como um dos maiores grupos da América do Sul. Vale escutá-los e repetir quantas vezes o player estiver acionado na tecla repeat.

Yamandu Costa: maturidade e talento desde sempre

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O desde sempre lá do título parece ser exagero. Não é. Yamandu Costa é único desde sempre. O violinista gaúcho, que hoje sopra trinta e cinco velas, tem em sua corrente sanguínea a música. Filho da cantora Clari Marcon e do multi-instrumentista Algacir Costa, o convívio com as harmonias e sequências musicais foi desenvolvido com a mesma naturalidade que hoje tem ao se apresentar em qualquer palco do mundo. Se aos sete anos seus primeiros acordes nasciam, com o argentino Lúcio Yanel, com quem mais tarde gravou um disco antológico, tornou sua técnica mais exuberante. E aí, nessa, vamos chamar de primeira fase, suas influências estavam enraizadas, e ainda permanecem, no folclore do sul brasileiro e nos países do Prata. Depois, foram chegando Radamés Gnatalli, Baden Powell, Tom Jobim e Raphael Rabello, como anunciadores de uma nova forma e estética de tocar e compor. Da soma ou multiplicação de tantas e felizes influências, dedilhar o violão para o tango, o chamamé, o jazz, a MPB, a bossa nova, o samba, o chorinho e o que mais possa chegar é parte da vida de Yamandu. Sua discografia é fiel a sua história. Basta seguir a lista abaixo, de 2014 a 2000 para descobrir o quanto do seu talento se mescla a diferentes músicos e instrumentistas do Brasil, sem nenhuma espécie de concessão que não seja o talento e a criatividade. E a diversidade de seus trabalhos revelam toda as suas faces de violinista.
2014 – Bailongo
2013 – Continente
2010 – Lado B (com Dominguinhos)
2010 – Luz da Aurora (com Hamilton de Holanda)
2010 – Yamandú & Valter Silva
2008 – Mafuá
2007 – Lida
2007 – Yamandu + Dominguinhos
2007 – Ida e Volta
2006 – Tokyo Session
2005 – Música do Brasil Vol.I (DVD)
2005 – Yamandu Costa ao Vivo (DVD)
2005 – Brasileirinho
2004 – El Negro Del Blanco (com Paulo Moura)
2003 – Yamandu ao Vivo
2001 – Yamandu
2000 – Dois Tempos (com Lúcio Yanel)

Assim como a lista de premiações já é longa, suas apresentações pelo mundo adentro atestam o que desde sempre se soube: Yamandu Costa é único. Escutá-lo é uma experiência de vida.

http://www.youtube.com/watch?v=fddswrZWHR8
http://www.youtube.com/watch?v=T-mAzD1j0L0
http://www.youtube.com/watch?v=sV_T2gyvOsM
http://www.youtube.com/watch?v=XVYzEWjveF4
http://www.youtube.com/watch?v=vT1sMuGc4uE

Foto: http://www.jornalnopalco.com.br

Fain Mantega: o folclore e o contemporâneo na música argentina

Fain

Há muito a música contemporânea pede socorro ao folclore. Aos ritmos mais tradicionais. Isso em todo o mundo. Não raro se escuta mesclas de blues com rock, do erudito com o rock. Basta lembrar o chamado rock progressivo do Yes, do Emerson, Lake & Palmer, do Focus, exemplos da mistura com passagens memoráveis. Em nossa América não é diferente. Os ritmos desde a dominação espanhola se misturam. O folclore, o indígena, todas essas sonoridades acabaram se unindo e criando outras tantas sonoridades. Muitas delas criativas, outras nem tanto. Muito trabalho de recompilação do folclore foi realizado, na Argentina por Leda Valladares, no Chile, por Violeta Parra. Aqui em nosso pampa quanto da nossa cultura da terra passa por Paixão Cortes e Barbosa Lessa. Não significa, no entanto, a banalização da cultura musical. Muitas vezes penso que o estado virgem do folclore deva assim permanecer, em outros momentos saúdo o encontro das artes. E de contradição em contradição, vou descobrindo álbuns e nomes que procuram canalizar essa energia e conhecimento com criatividade. Assim, caiu-me em mãos pelo amigo Carlos Branco, da Branco Produções, um cd do Duo FainMantega. Na capa está escrito música contemporânea argentina, tango e folclore. Na contracapa, críticas positivas, inclusive uma assinada pelo nosso Egberto Gismonti e muito entusiasmado pelo desempenho de Paulina Fain, flautas, e Exequiel Mantega, piano. Com fortes influências colhidas no tango, no próprio folclore, no candombe uruguaio, na música popular brasileira, no erudito, o Duo consegue captar um quê de novo e mostra que muitas dessas mesclas podem produzir trabalhos que levam o público a buscar conhecer melhor a sua própria cultura. Com linguagem e identidade próprias, Fain e Mantega mostram fôlego para a composição e leitura de mestres com Piazzolla, Chick Corea, Keith Jarret, além, claro, dos compositores argentinos. Muito virtuosismo e talento corre pelas veias musicais da dupla. Quem ganha somos nós.

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www.youtube.com/watch?v=IbFi-PDBKjk

www.youtube.com/watch?v=KBkOIf3JFbs

www.youtube.com/watch?v=Kx6pFpEOL1E

www.youtube.com/watch?v=fGFFjVhpMbw

www.youtube.com/watch?v=pG8uNfvexPc

Foto e reprodução de capa capturadas na Internet.