Meu Velho
Quando tua pele escureceu por trás desse vitral, e teu corpo criava coreografias que te sustentavam entre os teus havias chegado à maturidade sem festa,
Quando o meu assovio te irritava e ganhavas mais velocidade para fugir do reflexo que fazia sobre teus olhos, eras adolescente diante de mim e o medo não tinha significado algum,
Quando todos os outros corriam em eterna disputa pelo pequeno pedaço de comida, flutuavas como folha de outono ao vento da manhã,
Quando amanhecias ainda na noite da tua casa podia te ver solitário no canto que escolhestes para ser teu como tua era a casa,
Quando eu insistia em atravessar o olhar pelas íris já brancas do teu tempo, em silêncio admirava teus movimentos e sentia queimar esse vidro esverdeado que nos separava,
Quando tua partida já estava sendo anunciada não pedistes para acelerar a ida, lutavas em teu cotidiano por mais um dia,
Quando enfim não havia mais dia algum, não renunciaste à vida, olhaste de frente o que te esperava do outro lado desse vitral, na aridez da laje fria que meus pés pisam, e que hoje perdeu suas cores e fez, Meu Velho, com que tudo ficasse mais vazio e sem sentido.
Quando agora olho a todos os outros, é a ti, Meu Velho, que minha voz chama e é por ti que meus olhos salgam as horas ausentes da tua história.
Foto: Jockey Club do RS. Hoje, 26, mais um mês da partida de meu pai e meu irmão. O pai, em abril de 2014. Meu irmão, setembro 2016. O texto tem uma história de alguns anos atrás que é a de um peixe, criado em aquário pela Inês. Ela conhece cada um e cada um tem seu nome. O Velho era um lutador. Incansável, resistiu a um voo para fora do aquário, voltou a nadar e aos poucos seu brilho se desfez. Não deixou nunca de lutar. De continuar. É em homenagem aos dois Mário que o post repousa neste Chronos.
Oi querido amigo. Com sua permissão, vou colocar este post no meu Facebook.
O abraço de sempre desde a chuva de Buenos Aires.
m.
À vontade, Marcelo. Muito obrigado sempre. Meu abraço.
Gracias, amigo por tus palabras… un recuerdo lleno de amor, que me hizo sentir más cerca a mi padre y mi hermana que también se fueron… Un gran abrazo!
Cláudia, tenha presente o meu abraço mais fraterno. Por eles seguimos.
Ya lo creo!
Belo texto. Dá para sentir a saudade em suas palavras, e de quem gostamos sempre sentiremos saudade. Tenha certeza que você fez uma bela homenagem aos dois.
Obrigado, Alan. A falta que fazem e me fazem é indescritível. Meu abraço.
Meu abraço, Fernando. Paz!
obrigado, Anna, ainda está muito difícil. por eles, continuo. meu abraço.
Fernando, quem nos ama quer nos ver bem. Esse amor não morre. Fique bem, por eles. Quando dói em você, dói neles. Sinta a dor mas não a prolongue… Paz e Luz! Abraço da Anna.
Belas palavras e sentires.
Um abraço desde http://insensato.pt
Muito obrigado, Paulo. A saudade é um sentir que nunca cessa. O meu sempre abraço amigo.
Onde quer que seu pai e irmão estejam… estarão a enviar-lhe um sorriso…de energia!
E saberão, que em cada post, fotografia ou música que o Fernando partilha neste espaço, está a partilhar também um pouco do que eles deixaram em si!
Desejo um sereno fim-de-semana!
Acredito muito nisso, Dulce. Fico sensibilizado com tua palavra. Muito obrigado. Desejo também um fim de semana sereno e feliz para você.
Que homenagem! Somos todos peixes no aquário da Inês. A beleza é que temos nome é deixamos saudades. Boa noite, boa semana.
Muito obrigado, Cristileine, pela sensibilidade e por sentir o aquário. Meu abraço e desejo de feliz semana.