A escolha é múltipla: canto, teatro, ballet, cinema, teatro, artes plásticas. E todas estão corretas. Ute Lemper é a essência de cada expressão da arte. Sem concessões. Intérprete de primeira linha, as composições de Kurt Weill são um sopro de vida em sua voz. Assim como veste a pele e as entranhas tecidas à sensibilidade de Marlene Dietrich e Edith Piaf. Lemper é, no entanto, uma cantora. E isso é como se pudéssemos atravessar a linha do horizonte e descobrirmos que do outro lado as suas canções continuam pelo mar, pelas montanhas, pelas cidades, pelas estepes. Para quem pensa que seu canto está no passado, Punishing Kiss desfaz qualquer dúvida.
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Olhe com atenção o repertório na contracapa do cd. Nick Cave, Tom Waits, Philip Glass, Elvis Costelo. Atuais. Acentuam pontos de rock (participou da montagem de Roger Waters para The Wall em 1990 em Berlim na comemoração da queda do seu muro), de sinfonias, de introspecção, de criatividade. Em comum, Weill. Todos eles têm suas veias carregadas de composições dramáticas, sombrias, feitas como uma luva para ambientes escuros, para o politicamente incorreto cigarro aceso, quem sabe a cerveja ou o vinho deslizando suave enquanto as notas musicais vão preenchendo os espaços. Não há nada que seja exagero no disco e o acompanhamento do Divine Comedy é magnífico. Ouça com toda a sua pele, coração e alma, feche os olhos e vá para onde os sonhos o levar.