Manhã azulada, sol tímido, poucas nuvens. O outono avança lento, a natureza na contramão acelera o colorido da estação, as ruas começam a viver o seu dia. E ele surge diante de mim sem a mesma precisão de todos os outros dias. BB King partiu. Perdas são fulminantes. Ausências em que a voz jamais retornará a ser escutada, ouvida. Não haverão mais respostas. A vida quando vivida traz junto um golpe fatal, conhecido e terrível. BB King partiu. O homem do Mississippi, que nasceu em fazenda de algodão, e que fez do violão seu instrumento quando ainda adolescente para logo estar já tocando em rádios locais, em programas como o de Sonny Boy Willianson, outra lenda, foi quem eletrificou o blues. Foi quem deu uma nova sonoridade ao blues. Foi quem fez do blues coração, alma, pele e ossos. O lendário Robert Johnson estava (está) sempre presente assim com BB King. Cada em seu tempo. Cada um com seu sangue “blues”. Acústicos ou elétricos, pouco importa, importa que eletrizaram públicos, consciências, um jeito de ser e tocar, de falar, de dizer, de escutar, de ouvir. Com sua guitarra criou e deu essência e vitalidade a tantos outros que vinham junto e chegaram depois. Ainda que o sucesso tenha vindo nos anos 50, foi ao abrir shows dos Rolling Stones, cujos primeiros discos são realmente pedras rolantes preciosas de blues, que passou a ser conhecido e reconhecido por outros públicos. Ele e sua eterna “Lucille”, como chamava sua companheira de harmonias com pouca notas musicais. Qualquer lista que se faça, BB King está (estará) nela. A revista Rolling Stone em 2003 escolheu os maiores guitarristas de todos os tempos. O terceiro, ele, ficando atrás de Jimi Hendrix e Duane Allman. Tão vasta e densa sua discografia como quem influenciou, entre eles Eric Clapton, com quem gravou belo disco. Não listo, não menciono nenhum de seus trabalhos. Você pode escolher qualquer um deles e deixar o tempo correr em sua direção escutando-o. BB King é isso e muito mais. O sol penetra mais forte pela janela do meu estúdio. Ilumina a tela do pc, formando reflexos disformes. As palavras seguem o cursor quase que de forma mecânica. Olho para rua. O céu está completamente “blue”.
ttps://www.youtube.com/watch?v=E5_j91FjsXM
He holds the “key to the highway” !!! BB King deixou.nos um património musical que nem a morte pode apagar,
Um abraço!
estava preparando um material com Atahualpa Yupanqui (fica para a semana que entra), algo bem pessoal, quando fui surpreendido pela morte de BB King. É verdade, ele tem a chave. Passei o dia escutando seus discos e o dia foi ficando mais leve, ainda que a perda seja devastadora. meu abraço.