Ontem, pequena nota dava conta da morte de Cynthia Lennon, a primeira esposa de John, com quem gerou Julian. O casamento durou poucos anos, a vida seguiu, e os Beatles tornaram-se simplesmente os Beatles. Há na notícia, tão breve quanto possa ter parecido a união entre o rebelde beatle e a ex-colega de escola, um quê de fim de uma era. De um tempo em que a década de sessenta iria experimentar quem sabe das maiores efervescências da humanidade seja em que área for. Aqui no Brasil, vivia eu minha pré-adolescência, já envolva sob o manto do militarismo a ceifar opções de vida cultural, para ficar apenas nesse campo, e a gênese do sentido e do significado de rebeldia passava pelos Beatles, pelos Rolling Stones, e por outras bandas que penetravam em nosso mercado fonográfico. das saudades da época, o vinil tão aguardado nas múltiplas lojas de discos que hoje apenas frequentam nossa memória. Estavam presentes Hermam Hermits, Byrds, Bee Gees, The Who, Joe Cocker, Jimi Hendrix, Joan Baez e um monte de outros que agora escapam enquanto teclo essas palavras. Woodstock foi a apoteose desse tempo. Por alguma razão, jamais considerei o fim de uma época, de uma era, mesmo quando em 1069 ou 1970 os Lennon já avisava: “The dream is over”. E o passar do tempo, geração após geração tudo o que consigo testemunhar é os Beatles cada vez mais Beatles e revolucionários e dando início a novas eras. Não há que m não grave uma canção que tenha a assinatura Lennon&McCartney ou George Harrison. Nem Frank Sinatra escapou ileso. Os Bee Gees no início de sua carreira gravaram Beatles. Maurice Gibb, gêmeo de Robin, produziu uma das canções do primeiro álbum solo de Ringo Starr, Sentimental Journey. Paul até hoje tem grande parte do seu repertório em shows com músicas assinadas pela dupla mais famosa do mundo.
Richie Havens fez um disco somente com canções da dupla mesclando com outras de Mr. Bob Dylan. Um álbum memorável. O inesquecível Joe Cocker marcou o maior festival de todos os tempos com “With a little help from my friends”. Joaz Baez tem em seu repertório “Imagine”, “Here comes the sun”, a gravadora de soul Motown tem um somente com Beatles, e assim vamos colhendo em vários artistas e gravadoras mais e mais Beatles. Dentro de nossas fronteiras geográficas Rita Lee, Zé Ramalho, Uakti, Duofel. No mágico Clube da Esquina comandado por Milton Nascimento, eles eram influência tanto que há uma gravação de “Norgegian wood” pelos integrantes do clube. Não, a morte de Cynthia, que junto traz a de John e George, coloca os Beatles acima de qualquer época ou era ou que nome se possa definir a sua existência. Eternos. Revolucionários. De geração em geração, sempre anunciando o novo. Paz a Cynthia, Julian e a todos nós.
A foto foi capturada no site: http://www.truthaboutthebeatlesgirls.tumblr.com