Ontem, a noite se fez inteira, completa. O salão de atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul recebeu Egberto Gismonti para o show de encerramento do VI Festival de Violão realizado em Porto Alegre. Se o calor do dia não deu trégua, Gismonti domou o clima e o tempo. O filho de Carmo não cedeu um palmo às tentações do exibicionismo. Tranquilo, sereno, deslizou os dedos e mãos pelos violões e piano acústico. Solitário no palco, preencheu com seus acordes todos os espaços. Bem humorado, disse não lembrar os nomes da músicas, falou em Mario de Andrade, tocou no bis Villa-Lobos. Encantou com seu talento, carisma, virtuosismo e humildade. É um compositor e instrumentista superior. Faz do erudito e do popular linguagem única. O tradicional se funde ao experimentalismo, à improvisação – sempre com um quê de jazz -, e se torna suave à plateia, silenciosa, em reverência. Nada é exagero em Egberto Gismonti. Tudo se completa, se complementa, faz parte, nada se exclui. As quase duas horas voaram. Não parece ser justo. Tanto diante do salão lotado, o tempo não deveria ser medido. Os relógios deveriam ser abolidos. Uma noite inesquecível. Um verdadeiro presente que Porto Alegre ganhou. Felizes os que acolheram o presente. E o levaram em suas almas para sempre.
www.youtube.com/watch?v=wowz0KJITGc
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Fotos: capturadas no http://www.culturart.com.uk
Devia ter sido um espetáculo que fez os presentes (você) sentir pena dos ausentes (eu)…